O universo Tron acaba de ganhar um novo capítulo para a epopeia de Kevin Flynn (Jeff Bridges), com novo e estrelado elenco. TRON: ARES chega aos cinemas após 43 anos do lançamento do filme original e 15 anos após a continuação.
Trazendo como pano de fundo a evolução da tecnologia, o longa usa a corrida tecnológica militar como justificativa para a criação de Ares (Jared Leto), uma Inteligência Artificial construída pelo CEO Julian Dellinger (Evan Peters), neto do antagonista do primeiro filme, lá em 1982. Julian comanda uma rival da ENCOM, a empresa criada por Kevin Flynn e depois tocada por Sam Flynn (Garret Hedlund), no filme de 2010. Sam abandonou os negócios, deixando Eve Kim (Greta Lee) como a nova comandante da ENCOM.
Ares, criado para ser o soldado perfeito, “100% descartável”, rapidamente percebe que, assim como Pinóquio, ele quer ser um “menino de verdade”, se rebelando contra as diretrizes implantadas por Julian. Com essa revolução pessoal em mente, ele vai atrás de Eve, a única que possui o “código da permanência”, responsável por manter Ares vivo fora das máquinas. Desenrolando assim uma caçada cheia de ação, motos brilhantes e luta de discos, já marcantes da franquia.
Se os filmes de 1982 e 2010 usavam com justificativa de produção a evolução tecnológica (usar computação gráfica no 1° e trazer o rejuvenescimento facial no 2°), TRON: ARES, não apresenta uma justificativa plausível para ser feito. O que não seria um problema se o filme pelo menos entregasse divertimento, assim como seu antecessor. Pelo contrário, a segunda continuação não é só pior, como parece realmente uma cópia mal feita que atualiza o mundo ao seu redor.
Jared Leto, está péssimo novamente, o que começa a demonstrar, que ele não é um bom ator com más escolhas, e sim um mau ator com pontadas de genialidade. Seu personagem, “Pinóquio”, tem a profundidade de uma vasilha plástica, a percepção é que ele poderia ficar de capacete durante todo o filme, que não faria diferença alguma. O único momento que ele demonstra algo que não seja superficial é no momento que faz uma menção a banda Depeche Mode, acontecimento muito pequeno em um filme de 2 horas.
Greta Lee toma o lugar de coprotagonista e entrega um bom trabalho, mas com a régua medindo para baixo, não me parece ser algo muito difícil.
Pra não parecer que o filme é uma bomba completa, a mesma coisa que salvou seu antecessor, “TRON: O LEGADO”, tenta salvar esse: A trilha sonora aliada a estética.
Se no longa de 2010 temos uma trilha sensacional composta pelo Duo francês Daft Punk, agora Trent Reznor, o criador do projeto Nine Inch Nails, vem cumprir esse papel. E mesmo com disputa “desleal” contra o Duo, Trent entrega uma bela trilha com canções que por si só te prendem na cadeira, aliadas a toda a estética já conhecida pelo público, são a cobertura que disfarça um bolo solado.
Falando em estética, ela se impõe e vem como um alívio para o todos os problemas que estão na tela. As luzes, predominantemente em neon azul do filme anterior, se substituem por vermelhas, deixando uma divisão bem marcada entre “bem” e “mal”. As cenas com motos neon, um marco dos filmes anteriores, não apresentam a mesma força, talvez por agora se passar no mundo real, misturando com veículos reais e trânsito real, mesmo assim ainda é uma parte de destaque a ser levantada.
No geral, TRON: ARES seria um ótimo videoclipe musical, porém é mais um filme produzido a toque de caixa, se aproveitando de uma premissa brilhante, mas que sempre foi mal explorada, para assim lançar um possível novo fracasso, se não de bilheteria, de crítica.
Allan Pangaio – 4º Período de Cinema






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