“Dormir de Olhos Abertos” acompanha a trajetória de chineses que buscam construir uma vida no Brasil sem vistos legais. Em Recife, Kai, uma jovem taiwanesa, chega após ser abandonada pelo namorado no aeroporto e precisa enfrentar a barreira linguística e o estranhamento de uma cidade desconhecida. Um breve encontro com Fu Ang, vendedor de guarda-chuvas, desperta a possibilidade de amizade, mas seu desaparecimento, deixando apenas cartões-postais com histórias de outros chineses na cidade, leva a protagonista a uma jornada marcada por aventuras e pelo desejo de pertencimento.

Dirigido por Nele Wohlatz, o longa se destaca pela riqueza linguística, sendo falado em mandarim, português, espanhol, inglês e alemão, refletindo a diversidade cultural de seus personagens. O cineasta, convidado para mais de 70 festivais internacionais, é reconhecido por explorar as conexões entre linguagem e cinema, assim como os limites entre ficção e documentário.

Eleito o melhor filme pela FIPRESCI no Festival de Cinema de Berlim em 2024, o longa percorreu importantes festivais internacionais, como IndieLisboa, até chegar ao Festival do Rio, onde teve sua estreia nacional em sessão apresentada por Kleber Mendonça Filho, um de seus produtores.

Kleber Mendonça Filho, elogia a produção: “O filme é lindo e apresenta um ponto de vista sobre o Recife e sobre o Brasil, a partir do estrangeiro, nunca antes visto. Poliglota, contém graça, estranheza e Gal Costa”. Para o cineasta, a obra se destaca por oferecer uma perspectiva inédita sobre a cidade e o país, combinando diversidade linguística, momentos de leveza, situações inesperadas e referências culturais brasileiras que enriquecem a experiência dos protagonistas.

O filme revela ainda como o trabalho informal e a constante mudança de cidade expõem os estrangeiros a condições precárias, enquanto as  barreiras linguísticas e preconceito dificultam sua integração. Ao mesmo tempo, aborda o impacto emocional dessas experiências, a sensação de isolamento, a busca por pertencimento e o receio de retornar ao país de origem sem se sentir acolhido, sem deixar de registrar as práticas culturais que acompanham esses personagens em sua trajetória.

Malu Cordeiro -2° Período

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