Enquanto os escritores criam histórias e, muitas vezes, segue uma narrativa oficial moldada por interesses e versões parciais dos fatos, os historiadores, por outro lado, se arriscam a revelar o que é ocultado, os bastidores, as contradições e os traumas que resistem ao tempo. No caso do Brasil, essa diferença se torna evidente especialmente quando analisamos os caminhos pelos quais o país lidou e ainda lida com suas marcas históricas.

Ao longo dos séculos, o Brasil alimentou o mundo com três produtos centrais. No Rio Innovation Week 2025 um dos temas centrais foi o passado do Brasil, e o jornalista e escritor Eduardo Bueno citou que o açúcar, o carvão e o café, conhecidos simbolicamente como o “pó branco”, o “pó preto” e o “pó marrom” movimentou a economia brasileira em grande escala. No entanto, por trás da riqueza gerada, havia uma base brutal,  trabalho escravo, exploração e violência. 

Um exemplo marcante disso, citado pelo palestrante Eduardo Bueno,  é o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Hoje ponto turístico e patrimônio mundial, o local foi, no passado, palco de um dos maiores crimes contra a humanidade, em que mais de um milhão de africanos escravizados desembarcaram naquele local, tornando o espaço o maior porto de chegada de cativos do mundo. Ou seja, o que hoje é explorado por visitas guiadas, um dia foi solo de dor e desespero.

Além disso, essa trajetória marcada por silêncios também se reflete na política brasileira. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, um período de efervescência cultural e valorização do Brasil, o país quase testemunhou um golpe antes mesmo da posse do presidente, em que os militares tentaram impedir sua entrada no cargo com a acusação de comunismo, abrindo caminho para um ambiente de tensão que culminaria, anos depois, na ditadura militar.”Não floresceram ideias nem fascistas, nem anarquistas, mas sim nacionalistas” ressaltou o escritor brasileiro Marcelo Rubens Paiva 

Na palestra “Daqui vamos para onde?” com Marcelo Rubens  e Eduardo Bueno foi abordado que décadas mais tarde, o autoritarismo voltou a assombrar o país. “Em janeiro de 2023, manifestações violentas lideradas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram os prédios dos Três Poderes em Brasília” afirmou Eduardo Bueno.”Especificamente nos dias 6 e 8 daquele mês, o país assistiu a mais uma tentativa de ruptura democrática”. 

Diante disso, a sociedade brasileira se vê atualmente diante de um impasse, haverá perdão ou justiça? Os palestrantes de “daqui para onde vamos ? “ afirmam que “Enquanto alguns clamam por anistia, cresce a mobilização por punição exemplar”. O escritor e historiador Eduardo Bueno resumiu o momento: “Pela primeira vez na história, golpistas estão sendo responsabilizados e ainda há muitos por vir”.Marcelo Rubens Paiva afirmou : “Não à anistia! Eles não ficarão impunes. Não haverá tornozeleira eletrônica. Vai ser ela mesmo!” 

Diante disso, o Brasil se vê diante de uma encruzilhada: seguir encobrindo suas feridas históricas ou encará-las de frente, com coragem e responsabilidade. A reflexão proposta por Eduardo e Marcelo encerra o encontro, mas deixa aberta uma pergunta urgente, estamos prontos para enfrentar o que está por vir? Diante disso, o Brasil se vê diante da encruzilhada, entre seguir encobrindo suas feridas históricas ou encara-lás de frente, com coragem e responsabilidade. A reflexão feita na palestra de Eduardo e Marcelo encerra o encontro, mas deixa aberta uma pergunta urgente. “Estamos prontos para enfrentar o que está por vir?”, citou Marcelo Rubens Paiva. 

Madu Zamba – 2º período

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