De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 80% da população adolescente mundial não pratica atividade física suficiente, com a meta de reduzir essa inatividade em 10% em 2025.
A prática regular de exercícios físicos reduz o risco de doenças crônicas, cardíacas, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer, e contribui para o bem-estar geral. Caminhadas, treinos funcionais, esportes coletivos e outras formas de movimentação ajudam no controle do peso, fortalecem o sistema cardiovascular e colaboram com a regulação do sono, do humor e da concentração. Além dos efeitos sobre o corpo, movimentar-se também influencia a saúde mental e ajuda a reduzir a ansiedade e os sintomas de depressão.
O personal trainer e professor Samuel Rodrigues, de 24 anos, destaca os principais benefícios físicos e mentais que observa em alunos que adotam uma rotina regular de treinos. “Os benefícios variam bastante conforme o perfil da pessoa. Os idosos ganham autonomia funcional — conseguem se agachar, pegar objetos, tornam-se mais resistentes a quedas — além de apresentarem melhora na densidade óssea, no equilíbrio e na força muscular. Já os jovens desenvolvem a sociabilidade e a autoestima, o que contribui para uma saúde mental mais positiva. No público em geral, há um aumento da liberação de endorfinas e outros hormônios relacionados ao bem-estar, gerando bom humor e disposição física. Também ocorre a redução de dores articulares (como nos joelhos), devido à ativação e ao fortalecimento da musculatura. Além disso, há melhora na alimentação, já que a atividade física estimula o cérebro a desejar alimentos mais nutritivos; regulação do sono; postura mais equilibrada; aumento de força e resistência; além de benefícios neurocientíficos, como o aumento da neuroplasticidade”, explica Samuel.
Segundo Samuel, a academia não é a única opção para quem deseja se exercitar. A atividade física pode ser ajustada ao estilo de vida de cada pessoa. Caminhadas pela manhã, esportes coletivos como o vôlei e até aulas de dança são alternativas eficazes. Além dos benefícios físicos, essas práticas estimulam a convivência social. Ele reforça que o início deve ser gradual. A recomendação da OMS e do CDC é de pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos em intensidade elevada, além de dois dias com exercícios de força.
“A academia não é a única opção. A atividade física pode e deve ser adaptada ao estilo de vida de cada pessoa. Às vezes, só de sair pra caminhar com o pai de manhã já faz uma diferença enorme. Esportes mais sociais também ajudam muito, tipo jogar vôlei com os amigos, porque além do exercício, tem o fator da convivência, que também é importante. Tem gente que gosta muito de dança, especialmente mulheres, porque é algo prazeroso, divertido e ainda movimenta o corpo todo. E sobre começar, eu sempre falo: tem que ser sem sobrecarga”, conta o professor.
A orientação de um profissional da saúde se torna fundamental no processo de mudança de hábitos e na busca por melhores resultados. A nutricionista Beatriz Rocha, 35 anos, aponta os erros alimentares mais frequentes entre quem procura resultados rápidos com a prática de exercícios físicos. “Por meio de diversas consultas, percebi que diversos pacientes ao iniciarem a prática de exercícios físicos, buscam resultados rápidos, se espelhando em atletas de alto rendimento, com isso, muitos tentam diversas dietas por conta-própria, na busca de um “shape perfeito”. Nessa busca, observo diversos erros, como: excesso de proteína na dieta (para quem busca hipertrofia) e excesso de carboidratos (para quem busca ganho de peso). Muitos não consomem frutas, diversidade de proteínas ou até mesmo feijão”, descreve Beatriz.
A nutricionista também exemplifica os benefícios internos que a atividade física proporciona ao corpo e que a balança não revela. “A prática de exercícios físicos contribui para o combate ao excesso de peso (o que seria muito mais difícil apenas com dieta), reduz a pressão arterial, diminui o risco de doenças cardiovasculares, ajuda a controlar a glicemia, reduz a gordura visceral, fortalece ossos e articulações, além de aumentar a força e a resistência, entre diversos outros benefícios”, cita Beatriz.
Para Bruno Chapiewski, 37 anos, empresário e comerciante, conta que o fim de um relacionamento foi o ponto de partida para mudança. Ao se ver insatisfeito com o próprio corpo, acreditou que nenhuma mulher se interessaria por ele daquele jeito. Isso o motivou a buscar uma rotina de treinos. Mesmo após perder peso, enfrentou momentos de desânimo, especialmente nas fases em que os resultados estacionavam. “Eu estava num relacionamento que acabou. E pensei que, do jeito que tava, nenhuma mulher ia me querer e essa foi a motivação inicial. Pensei algumas vezes em desistir depois de já ter perdido bastante coisa. Toda vez que começava um efeito platô, eu quase desanimava. Me matava fazer tudo certinho e não perder peso como eu costumava perder em outros momentos”, comenta Bruno.
O apoio de outra pessoa na mudança de estilo de vida é essencial. Na trajetória de Bruno, a ex-esposa, mãe de sua filha, ajudou a manter a constância nos treinos e na alimentação. Planejavam juntos as refeições da semana e definiam os dias de exceção na dieta. Também o incentivava a não faltar aos treinos, inclusive em dias de desânimo. A presença dela contribuiu para a criação de uma rotina mais firme, mesmo nos períodos em que os resultados estagnaram.
“Eu sempre joguei basquete, até mesmo quando estava com 245 kg, mas, obviamente, jogava de forma diferente, muito mais parado. Mantive o basquete duas vezes por semana e acrescentei caminhadas em volta do Maracanã quase todos os dias, exceto nos dias de jogo e aos domingos. Ou seja, seis vezes por semana, eu estava me movimentando de alguma forma. À medida que fui perdendo peso e melhorando minha capacidade de locomoção, fui substituindo as caminhadas por exercícios funcionais, academia, treinos na praia, entre outros. O que mais me ajudava a manter o foco era a balança e minha ex-esposa, mãe da minha filha. Ela era muito parceira nos treinos e também na dieta. Várias vezes me incentivou a ir treinar na praia. No início da semana, sempre combinávamos juntos os dias e as refeições em que sairíamos da dieta. Sobre a balança, alcancei um bom equilíbrio. Além disso, mantinha consultas mensais com o nutricionista para acompanhamento de peso e medidas. Mesmo quando a dieta não era ajustada, a consulta servia como compromisso para continuar motivado e buscar sempre um resultado melhor que o anterior”, diz Bruno.
Já na perspectiva de Larissa Brandão, 28 anos, criadora de conteúdo, a luta contra a obesidade foi constante ao longo da vida e trouxe diversas perdas, como a demora de quatro anos para conseguir engravidar. “Os médicos diziam que eu só conseguiria se emagrecesse. Tentei várias vezes, mas acabava desistindo no meio do caminho. Em uma dessas tentativas, engravidei, mas minha gestação foi de risco. Tive problemas com pressão alta desde o início e me tornei hipertensa sem saber. Durante a gestação, fiz acompanhamento, fiquei internada várias vezes e tive pré-eclâmpsia. Quando meu filho nasceu, minha pressão continuou subindo. Foi então que decidi mudar meu estilo de vida. Meu filho me deu forças e fiz tudo por ele”, recorda a influenciadora.
A disciplina trouxe não apenas mudanças físicas, mas também transformações na vida de Larissa. Com foco e persistência, ela colheu frutos que ultrapassaram a saúde e abriram novas oportunidades profissionais. “Eu sempre tentei compartilhar minha rotina, meu sonho era trabalhar com a internet. Conforme fui perdendo peso, minhas amigas me incentivaram. Estudei muito as outras influenciadoras de sucesso e fui pegando referência pra criar minha comunidade. Deu tão certo que eu saí do CLT e hoje trabalho com o que sempre sonhei”, descreve Larissa.
Já Rodrigo Amancio, de 21 anos, estudante universitário e morador de Realengo, segue na contramão da maioria. Em vez de buscar emagrecer, seu foco é ganhar peso e massa muscular. Para ele, o processo exige disciplina nos treinos e uma alimentação reforçada para alcançar os resultados desejados. “O meu maior desafio, no geral, é comer. Eu já fui mais neurótico com essa coisa de ganhar peso, já que tinha 54 kg e tenho 1,72 m de altura. Eu era muito magro. Então, comecei a me entupir de comida: muito arroz, muito ovo… Cheguei a passar mal de tanto comer. Nessa época, eu comia em uma mini bacia, porque a comida não cabia no prato. Fui ganhando massa e bati 66 kg, só que não era sustentável. Com isso, comecei a me soltar mais, comer uma quantidade que me satisfaz e não me deixa empanzinado. Hoje, tenho 62 kg e ainda quero ganhar mais peso, mas estou confortável com meu corpo. Estou saudável, tenho um peso bom pra minha altura e um corpo funcional e torneado”, compartilha Rodrigo.
Logo, a prática de atividade física, seja de forma individual ou coletiva, contribui para o bom funcionamento do corpo e para a resistência. Movimentos regulares e ritmados promovem efeitos positivos, desde que realizados com responsabilidade. Em contraste, o sedentarismo compromete a saúde, elevando o risco de doenças cardiovasculares, ganho de peso, queda na imunidade, transtornos como a ansiedade e condições associadas à fragilidade óssea, como artrite, artrose e osteoporose.
Júlia Gabriela – 8º Período.












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