Os idosos são parte da população que está ficando mais em evidência nos dias atuais é possível ver uma melhora na qualidade e expectativa de vida. Além dos exercícios físicos, relacionamentos amorosos também são benéficos para a saúde física e mental dessas pessoas, pode estimular o cérebro, melhorar a autoestima e mudar a percepção sobre a velhice e a vida.

De acordo com o IBGE, a população idosa teve uma crescente de 8,7% para 15,6%, representam atualmente 33 milhões de brasileiros. Isso reflete uma melhor qualidade de vida, os idosos se sentem mais dispostos a viver de forma mais ativa em todos os aspectos da vida, com passeios, amigos e parceiros amorosos.

Os relacionamentos amorosos na terceira idade são diferentes dos envolvimentos mais apaixonados dos jovens, mesmo que exista desejo tendem a ser mais maduros. A velhice traz mais conforto e para quem convive com um cônjuge, por exemplo, é momento de aprendizado, manter um relacionamento por anos é uma tarefa que exige compromisso dos dois lados.

Renato Senna e Tânia Lucia Silvestre Senna têm 74 anos, são aposentados e casados há 49 anos. Para ele, o que mantém um casamento é entender que é importante falar mas também ouvir, ser ouvinte e tolerante. Tânia acrescentou que além do diálogo é preciso compreensão e paciência. “Certas coisas tem que sentar e conversar “olha, não é por aí”, tem caminhar junto, chegou até aí vamos caminhar juntos. Se chegamos até aqui significa que deu certo, então vamos ter paciência um com o outro”, acrescentou Tânia. 

A sensação de liberdade dos idosos para viverem a vida amorosa mais livremente tem reflexo nos produtos midiáticos. Há inúmeros filmes, novelas, séries e até os populares doramas, as novelas coreanas, têm incluído casais mais velhos nas suas histórias, tudo isso tem impacto em como essas pessoas se enxergam e lidam com a velhice.

O psicanalista e professor da Universidade Federal do Tocantins, Carlos Rosa,? explica que é importante falar da velhice sem suavizá-la e tratá-la como se fosse algo negativo e que há a necessidade de discutir os tabus que envolvem os idosos como as questões do desejo e da sexualidade que ainda são mal vistas socialmente. “Muitas vezes o olhar julgador, o olhar preconceituoso das pessoas, da sociedade é muito mais doloroso do que a decadência do processo do envelhecimento, do que a perda da jovialidade”, disse Carlos.

Luís Ancelmo Caetano e Lucimar Amorim, respectivamente 65 e 62 anos, são aposentados e estão namorando há 1 ano e 10 meses. Relataram estar gostando bastante da nova experiência, que todo dia é um novo aprendizado. Também disseram que gostam de ter uma vida amorosa mais ativa e que parceria e confiança são essenciais para um relacionamento firme e duradouro.

Além dos estereótipos e preconceitos com relação à velhice, os idosos também precisam lidar com a sensação de finitude e os pensamentos sobre a morte. Lidar com a solidão e as perdas de amigos e familiares pode impactar na saúde mental dessas pessoas. De acordo com dados da OMS, cerca de 15% das pessoas com mais de 60 anos apresentam transtornos psíquicos, como depressão e ansiedade.

O psicanalista explicou a relevância dos relacionamentos afetivos além dos amorosos, que é importante para o idoso ter um círculo de amigos, família próxima, redes comunitárias e não deixar essas pessoas serem esquecidas ou abandonadas pela sociedade independentemente da idade.

Os relacionamentos amorosos na terceira idade ajudam na redução do estresse e de problemas cardiovasculares, aumentam a autoestima e oferecem estímulo cognitivo. Todos esses benefícios aumentam a qualidade de vida e trazem o sentimento de pertencimento, assim os idosos sentem-se vivos e motivados a priorizar ainda mais o próprio bem-estar. 

Tânia afirmou que as pessoas são diferentes e que para que o relacionamento dê certo é preciso entender isso. “Cada um tem a sua vida, temos que pensar se vai dar certo e ir levando. Porque nem todo mundo é igual a você, é difícil caminhar junto com alguém 50 anos, as pessoas são diferentes”.

Carlos esclareceu sobre a experiência que vem com a velhice, disse que essa vivência traz uma bagagem para os relacionamentos e pode ser um desafio e um valor. “Essa bagagem quando bem utilizada pode ser um arcabouço de experiências para que se possa fazer melhor e evitar erros do passado. Se isso não foi melhorado, trabalhado numa terapia se não foi bem cuidado existe grande possibilidade de repetição dos erros do passado, das mesmas formas de sofrimento num relacionamento atual”, concluiu o psicanalista.

Por Luiza Moura, 7° periodo.


Deixe um comentário

Tendência