O evento se consolida como um dos maiores encontros literários da América Latina, promovendo leitura, diversidade, pensamento crítico e impacto social

A Bienal do Livro Rio 2025, realizada de 13 a 22 de junho no Riocentro, reuniu mais de 300 autores e ofereceu cerca de 200 horas de conteúdo literário. Consolidado como o maior evento do mercado editorial brasileiro, o encontro celebrou a leitura com diversidade, inclusão e participação de autores independentes e públicos de todas as idades.

Esse evento estimulou o hábito da leitura, especialmente entre crianças e jovens, por meio de atividades interativas, lançamentos e encontros com escritores.

A autora e editora Regina Gonçalves, da Viajante do Tempo, considera a Bienal uma verdadeira festa, marcada por encontros com leitores de diversos estados e autores de estilos variados. Ela afirma que a participação no evento é gratificante e reforça o valor de anos de dedicação ao trabalho literário. “Estamos na Bienal porque é demais! É uma festa e tanto. A gente curte os leitores, curte o movimento e vê o quanto o nosso trabalho de muitos e muitos anos é premiado com o sorriso da turma quando olha os nossos livros”, declarou Regina. 

Regina também ressaltou que a Bienal representa mais do que os dez dias de programação. Para ela, trata-se de um processo que envolve meses de preparação e que impacta diretamente a trajetória profissional. Para a autora, quem acredita em sua obra deve buscar todas as oportunidades de visibilidade, desde o evento até ações posteriores.” É preciso participar de eventos como a Bienal, mas também de tudo que vem depois: conferências da Amazon, podcasts… É essencial que o público veja o seu livro. Tocar as pessoas por meio da literatura é indescritível. É emocionante. É mostrar do que você é capaz de fazer!”, concluiu Regina Gonçalves. 

Vanessa Rosa, escritora, ilustradora e animadora, acredita que a Bienal é sempre um momento importantíssimo na história da cidade, no ano e para o mercado editorial. “Para mim, a Bienal é sempre importante para o público e para os autores, e até para as empresas, que estão aqui com os stands, com a decoração. E também, poder apresentar diversas histórias, com pontos de vistas diferentes para crianças, jovens e adultos”, comentou Vanessa Rosa. 

E além disso, ela relatou que o evento é uma grande experiência para conhecer novas pessoas, estar em contato com o público e trocar ideias de trabalho. “E é muito bom estar aqui na Bienal, ver tanta gente aqui, só para encontrar livros, ter essa experiência e encontrar os autores. E para nós autores, temos a oportunidade de ter esse contato com o público, trocar ideias, e poder apresentar o nosso trabalho” afirmou Vanessa. 

A Bienal deu a oportunidade de autores independentes e de novos autores a estarem em contato com o público, com escritores de prestígio e com grandes empresas.  

Já para Ilma Guedes, autora independente, o evento pode ser uma grande oportunidade de expor as suas obras e ser mais conhecida, uma vez que ser um autor independente no Brasil é entender que a desigualdade de acesso a espaços, mídia e recursos, existem, por mais que esse grupo já tenha conquistado espaço na literatura. “A Bienal é uma oportunidade do autor independente ter espaço e mostrar suas obras, porque nós sabemos que o autor brasileiro não é tão valorizado. Por isso, conseguir um espaço na Bienal, em um evento grandioso como esse, também é muito difícil. Então pra mim tá sendo uma experiência maravilhosa”, citou Ilma.

Também é importante destacar que a conferência no Rio dá a oportunidade dos professores estarem presentes no projeto, a partir do  credenciamento. 

A professora da escola pública, Adriana Monteiro, citou que fez a sua credencial e que recebeu uma verba para comprar livros. Ela destacou que sempre participa desse evento cultural, porque gosta de comprar livros que auxiliem o seu trabalho e que possam contribuir para a formação de seus alunos ao longo do tempo. “Eu estou em busca de livros de educação infantil que façam sentido para a faixa etária que eu dou aula. Então eu preciso ler, e ter tempo para poder folhear, porque eu não posso só comprar pela capa bonita. Eu preciso, assim como os outros professores precisam separar um tempo para se dedicar a isso, porque o mundo está em constante mudança e nós professores precisamos renovar o nosso conteúdo constantemente. Por isso eu gosto tanto de vir aqui na Bienal e comprar vários livros para os meus alunos usarem o ano todo”, afirmou Adriana Monteiro. 

Marta Souza, aposentada da educação infantil do município do RJ, relatou que para ela ler é necessário, e que não deixa de participar de nenhuma edição da Bienal. “Ler é cultura, ler é liberdade, criatividade, nós conseguimos ir onde quisermos através da leitura. Eu, na minha infância, eu achava muitos livros no lixo. Não tive a oportunidade de comprar muitos, mas os primeiros livros que eu li, minha mãe me deu, e assim, me despertou. Eu leio muito desde oito anos, e eu passo essa paixão pela leitura para o meu filho. Ele tem 12 anos e eu trago ele desde bebê para ele aprender a valorizar a leitura “, citou Marta. 

O evento de livros também incentiva através dos seus projetos de pluralidade. Acolhendo novos formatos e vozes, valorizando autores indígenas, negros e periféricos. 

Pacari, do povo Pataxó da aldeia Mãe Barra Velha, estava na Bienal a convite da editora Carambola Literária, para estimular nas crianças e nos adultos a diversidade e a representatividade. Estar na Bienal, para ele, é muito importante para mostrar à sociedade que o seu povo também tem o direito de estar e de participar de grandes eventos sociais como esse, mas principalmente, por conseguirem ter voz por eles mesmos e não através de pessoas fingindo ser indígena. “Hoje nós mesmos queremos assumir o nosso papel de mostrar que nós temos o direito também de estar participando de qualquer evento, independente do lugar. A editora me deu a oportunidade de estar aqui mostrando a minha cultura através dos meus artesanatos, da minha pintura, da minha língua”, dialogou Pacari. 

E para Dayane Nóbrega, atriz e influenciadora, convidada da editora Carambola Literária para representar uma rainha Africana, estar na Bienal do Livro representando uma figura tão emblemática para a cultura negra é muito importante, principalmente porque ela consegue ver o sorriso das criança admirando e se inspirando nela. “Os nossos livros são justamente para empoderar as crianças pretas, para ter representatividade na leitura, para que possam se inspirar e se identificar nesses personagens. E tá sendo muito lindo, andar nos corredores e ver as crianças pedindo para tirar fotos comigo, com aquele olhar de admiração e de representatividade mesmo. E não só as crianças, mas até os adultos estão parando para tirar fotos com a gente, teve várias mulheres que ficaram emocionadas ao ver uma representatividade negra”, conclui Dayane. 

A cada edição, a Bienal reafirma que ler é muito mais que decodificar palavras. Ler é imaginar, questionar, sonhar e se conectar com o outro, e isso, mais do que nunca, é um ato de resistência e esperança.

Duda Nicolich – 1º período 

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