Diante de um auditório lotado no maior evento de criatividade e inovação da América Latina, Mary Livanos, produtora executiva da Marvel Studios, e Gandja Monteiro, diretora de episódios de produções como “Agatha all along” e “Wandinha”, compartilharam os desafios e segredos para transformar histórias em fenômenos culturais de escala global. Elas participaram nesta quarta-feira, 28 de maio, no painel “A Construção de Franquias Fantásticas para Além das Telas” no Rio 2C. A Conversa, mediada por Carol Moreira, teve como foco os processos de criação e expansão de universos narrativos baseados em propriedades intelectuais (IPs) consolidadas, como quadrinhos e jogos. 

A participação de duas figuras importantes para o cinema internacional tornou o debate mais interessante, principalmente pela riqueza das experiências e segredos dos sets de gravação. Durante a conversa, elas ressaltaram como é necessário construir sua identidade dentro do mundo do cinema, especialmente sendo mulher, e projetar a sua voz nas obras. “Ser jovem e mulher nesse meio é necessário dar o máximo de si, por isso, quando eu entro em um novo projeto, eu tento dar tudo de mim”, afirma Mary Livanos. 

Ambas concordaram que é preciso encontrar a voz, os valores e as raízes dos personagens que você quer transmitir para o público. Além disso, enfatizaram a importância da subjetividade da obra, garantindo que não estão apenas filmando com o intuito de vender, mas que estão conseguindo captar a essência da história e do personagem para comover o público. “Não se trata de agradar a uma audiência; trata-se de entusiasmar uma audiência e liderar uma audiência”, afirmou Gandja Monteiro. 

Para Mary Livanos, produtora executiva da Marvel Studios, é preciso sempre se dedicar aos projetos, e buscar estudar o contexto dos outros episódios ou filmes para entender a essência do projeto. “E também conectar raizes com o nicho que você está entrando, por exemplo a Marvel, existe toda uma história por trás dos filmes e quadrinhos. Antes de entrar de fato no projeto, eu quis assistir todos os filmes da Marvel para entender o que o público gosta de visualizar e como eu poderia capturar a essência da Wanda”, afirmou Mary Livanos. 

Ela também relatou que tenta ao máximo colocar a sua voz nos seus projetos. “Na série WandaVision eu tentei criar uma outra narrativa para a personagem e me distanciei da ideia de heroi, eu foquei na ideia de torná-la humana, com sentimentos e vivências reais”, afirmou Livanos.  

Gandja Monteiro, diretora de episódios, por sua vez, comentou que estudar antes de produzir um projeto é essencial para se destacar no meio. No decorrer da palestra ela reforçou que em todas as suas obras ela quis entrar de verdade no mundo dos personagens para capturar as suas raízes e seus valores. ”Na série “Agatha all along”, antes de começar as gravações, eu fiz questão de ler diversos livros de bruxas reais, para entender como funciona o mundo que eu estava entrando”, afirmou Gandja Monteiro. 

Ao final do evento, ficou evidente que criar universos fantásticos vai muito além de efeitos especiais ou cenários exuberantes. Trata-se de criar experiências, gerar identificação e, principalmente, construir mundos que conversem com a sociedade atual. Mary Livanos citou que é necessário assumir riscos no meio do audiovisual. “Se você não está correndo riscos (…) você pode estar fazendo algo errado, porque deveria estar criando histórias que ressoem emocionalmente profundamente nas pessoas”, comentou Livanos. 

Já na Coletiva de Imprensa, Mary e Gandja foram indagadas sobre o maior desafio no combate à introdução da IA no mundo do Audiovisual e ambas ressaltaram que essa tecnologia pode ser muito útil nos estúdios, ajudando a diminuir algumas etapas e acelerando o processo. Entretanto, também relataram que por diminuir o processo e otimizar os projetos muitas pessoas perdem os seus empregos, e elas não concordam com isso, porque elas visualizam que a tecnologia não conseguem colocar sentimentos, como os humanos, nas obras. “Enquanto que na parte de filmagem narrativa, há muita preocupação, porque a propriedade intelectual, que é um ator humano que, você sabe, que poderiam, eu acho, fazer um monte de dinheiro, mas vender a sua identidade, sua voz, sua semelhança, tudo isso. Isso tudo é muito contestado, e isso foi uma grande parte das lutas, dois anos atrás, quando os atores e escritores foram à luta”, relatou Gandja Monteiro. 

Duda Nicolich – 1º Período

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