O Rio 2C é o maior evento da América Latina sobre tecnologia e criatividade. São seis dias intensos, reunindo audiovisual, música, inovação, games, publicidade e ciência. A conferência começou na terça-feira, 27 de maio, e já contou com a palestra mais aguardada, realizada no palco Summit Acontece Globo, com o tema “O Papel do Jornalismo na Construção da Confiança”, ministrada pelo apresentador do Jornal Hoje, César Tralli, e pela âncora do Jornal da Globo, Renata Lo Prete. O evento destacou a importância do jornalismo profissional na transmissão da verdade para o público, por meio de notícias apuradas, precisas e factuais. 

A participação de dois dos maiores nomes do jornalismo brasileiro tornou o debate mais dinâmico e imersivo, especialmente pela riqueza das experiências profissionais compartilhadas por ambos sobre a temática. Em uma conversa franca e sem mediação, os jornalistas ressaltaram a importância do jornalismo em tempos de fake news, reafirmando a realidade como pilar não só da profissão, mas também da própria democracia.

Ambos concordaram que a confiança é um patrimônio que deve ser cultivado diariamente, fundamentado na ética, na responsabilidade e no compromisso com a verdade. Além disso, enfatizaram a importância da transparência nos processos jornalísticos e da conexão constante com o público, elementos indispensáveis para fortalecer a credibilidade da imprensa e, consequentemente, construir uma sociedade mais informada e resistente à desinformação.

Renata Lo Prete destacou que é fundamental construir uma relação de confiança com o público, baseada na clareza sobre como a informação é apurada, na disposição para assumir e corrigir erros, e na explicitação dos processos que levam à construção da notícia. “A confiança é um elemento essencial da comunicação. Com o passar do tempo, fui descobrindo que a confiança não tem a ver com erro. Todos erramos, eu sofro muito quando erro. Mas o erro não é, por si só, um elemento que destrói a confiança. Você pode errar a pronúncia de um nome ou não dar importância a uma história que se revela maior. O público permanece com você se percebe seu esforço para acertar e sua humildade para admitir o erro”, afirmou Renata Lo Prete.

Por sua vez, César Tralli alertou que as tecnologias, embora ampliem o alcance da desinformação, também são ferramentas essenciais no combate às fake news. O jornalista revelou que as redações dos veículos sérios, como a Globo, estão cada vez mais investindo em softwares avançados de checagem, rastreamento de dados e verificação de imagens, áudios e vídeos adulterados , assim como ocorreu, por exemplo, na checagem de vídeos falsos sobre vacinas, desmentidos no Jornal Nacional pelo jornalista William Bonner durante a pandemia de Covid-19. “Está cada vez mais desafiador verificar a autenticidade de fotos, vídeos e áudios. Nossa equipe utiliza 19 softwares de diferentes partes do mundo para realizar essa checagem. O trabalho de construção de confiança passa, hoje, por esse desafio tecnológico. Não basta mais apenas dizer que uma informação é falsa, é preciso demonstrar como foi feita aquela falsificação”, afirma César Tralli.

Para a jornalista Jerusa Campani, da GloboNews, é fundamental acompanhar os debates sobre os novos caminhos da comunicação, sobretudo diante dos avanços tecnológicos, que têm dificultado o trabalho dos profissionais da área. “Mais do que apenas ouvir, precisamos refletir sobre quais são os novos caminhos e o que temos a aprender neste novo momento da comunicação”, destaca Jerusa Campani. 

Outro tema amplamente debatido foi a dificuldade de combater a desinformação em um universo de informações fragmentadas, nas quais informações falsas são difundidas por redes sociais e aplicativos de mensagens. Portanto, cresce a autocobrança dos jornalistas em comunicar com mais transparência, ética e responsabilidade, mesmo em meio a um ambiente saturado de mentiras e desinformação. “Somos carrascos de nós mesmos no sentido de tentar fazer o melhor o tempo inteiro. E essa busca incessante é pela notícia mais informativa e isenta possível. Temos que ser um contraponto a esse mundo de desinformação que permeia as redes”, declara Tralli.

Renata Lo Prete também reforçou que, embora as fontes sejam essenciais para o jornalismo, a relação do jornalista não é, em primeiro lugar, com a fonte, e sim com o público. Ela explicou que informações recebidas em off são importantes como pistas iniciais, mas são os dados apurados em on, de forma pública e transparente, que garantem a credibilidade da notícia. Por isso, não basta apenas apresentar o fato, mas também mostrar o caminho percorrido, como foi feita a apuração, quais foram as fontes consultadas e por que determinadas informações foram selecionadas.

No decorrer da palestra, ambos os apresentadores enfatizaram repetidamente que o jornalismo ético não é apenas uma escolha profissional, mas um dever social. Construir a veracidade exige, necessariamente, fortalecer o vínculo com a sociedade e manter um compromisso inabalável com a informação factual.  A confiança e a credibilidade não são dádivas, mas construções contínuas, sustentadas por um jornalismo sério, ético e transparente, que, além de informar, tem o papel de educar, fomentar senso crítico e ajudar a população a distinguir entre fatos e manipulações.

Duda Nicolich – 1º período 

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