A nota do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ajuda a mostrar a qualidade do curso e da faculdade. Além de ser requisito para colar grau, o resultado pode fortalecer a visibilidade no mercado de trabalho.

Aplicada pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a prova do Enade é construída com base nos conteúdos programáticos dos cursos que estão sendo avaliados. De acordo com o MEC, os temas cobrados têm como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais, o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, dispositivos normativos e a legislação que regulamenta cada profissão. Esses documentos orientam a elaboração da grade curricular dos cursos de graduação e, posteriormente, servem de base para a formulação das questões do exame.

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) é um instrumento que mede a qualidade dos cursos de ensino superior no Brasil. Aplicado pelo Ministério da Educação (MEC), ele avalia o conhecimento dos alunos que estão na fase final da graduação e serve de base para políticas educacionais, reestruturação curricular e reconhecimento dos cursos. A estrutura da avaliação é composta por 40 questões divididas em duas partes. A primeira aborda conteúdos de Formação Geral, comuns a todos os cursos, com 8 questões objetivas e 2 discursivas. Já a segunda parte é específica para cada área de formação, com 27 questões objetivas e 3 discursivas. A pontuação final da prova é composta por 75% das questões específicas e 25% da parte de Formação Geral.

A participação no Enade é de caráter obrigatório. O estudante convocado que não comparecer ao exame, nem justificar a ausência de forma adequada, ficará em débito com o MEC. Isso significa que não poderá colar grau nem receber o diploma enquanto não regularizar sua situação. Por isso, entender o funcionamento da prova e se preparar com antecedência é fundamental.

Na Universidade Veiga de Almeida (UVA), o professor Eduardo Bianchi, mestre e doutor, acompanha de perto a preparação dos alunos. Ele compartilha que o processo é exigente, mas recompensador. “É um desafio e uma experiência ao mesmo tempo, gratificante, porque vemos a última etapa dos alunos envolvidos. A preparação para o Enade vai além do conteúdo em si, envolve motivação, estratégia e conscientização sobre a importância da avaliação para o curso e para a formação profissional dos estudantes. Em sala, busco trazer atividades contextualizadas, que conectem os temas exigidos pelo Enade com situações reais da prática profissional. Também fazemos uso de simulados, debates, análise de questões anteriores e, sempre que possível, promover a interdisciplinaridade. O objetivo é desenvolver o raciocínio crítico e a capacidade de análise, e não apenas decorar conteúdos”, afirma Bianchi.

A mobilização para o exame não se limita aos setores administrativos e docentes, os estudantes também estão diretamente envolvidos nesse processo. Felippe Carvalho, aluno do nono período de Psicologia, observa que a instituição tem tomado iniciativas para auxiliar os alunos na preparação. “A faculdade ofereceu um simulado para termos uma ideia do que se trata a prova em termos de conteúdo, questões, etc., além de orientações da coordenadora para que possamos tirar as dúvidas sobre o processo”, relata o estudante, destacando a importância desse suporte para enfrentar o desafio com mais segurança.

Apesar de os esforços da instituição em oferecer suporte e orientar os alunos, muitos estudantes não dedicam à prova a atenção necessária. Alguns acabam subestimando a importância da avaliação ou priorizando outras demandas acadêmicas e pessoais, o que pode comprometer o desempenho individual e os indicadores da instituição. A falta de engajamento representa um desafio adicional para as coordenações de curso, que precisam trabalhar não apenas a preparação técnica, mas também a conscientização sobre a relevância da prova para a formação e o futuro profissional.

Pedro Lima, do oitavo período de Jornalismo, avalia que a sobrecarga dos períodos finais pode explicar a falta de engajamento de alguns colegas. “Acredito que os estudantes dos últimos períodos, principalmente aqueles que já entraram no mercado de trabalho, acabam dando mais atenção aos Trabalhos de Conclusão de Curso e estágios, pois são preocupações mais imediatas, e que interessam mais aos alunos. Como o Enade é uma prova obrigatória, com possibilidade de afetar a nota do curso, eu pessoalmente enxergo como uma responsabilidade extra, além das que já tenho com a faculdade, que gera mais pressão e estresse na reta final da graduação. Reconheço a importância da prova, e estudo para ter um bom desempenho”, informa Pedro.

Para se sair bem no Enade, é fundamental adotar uma preparação ampla, que vá além da revisão dos conteúdos específicos do curso. A prova avalia tanto os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação quanto a capacidade de análise crítica e interpretação de temas atuais. No bloco de Formação Geral, é importante focar em língua portuguesa,  especialmente argumentação, vocabulário, gramática e o uso da norma culta, além de se manter atualizado sobre assuntos nacionais e internacionais, como inclusão social, sustentabilidade, ética profissional, tecnologia e cidadania. 

Ademais, o raciocínio lógico e temas ligados à cultura e sociedade também aparecem com frequência. Já na parte específica, o estudante deve revisar o conteúdo programático do curso, desde os conceitos fundamentais até tópicos mais avançados, dando atenção especial às tendências e inovações da área. A prática de questões discursivas é outro ponto essencial: desenvolver uma boa redação, com estrutura clara e argumentação coerente, pode fazer diferença no desempenho final e na nota.

Logo, a participação no Enade é, portanto, mais do que uma exigência burocrática. É uma etapa que integra o ciclo formativo do estudante e contribui para o aprimoramento do ensino superior no Brasil. O desempenho individual reflete no coletivo, impactando diretamente a avaliação do curso e da instituição. Mais do que cumprir uma obrigação, estar preparado para o Enade é também uma forma de valorizar o próprio diploma e reconhecer o percurso acadêmico trilhado até a reta final da graduação.

Júlia Gabriela – 8º Período

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