Música está por todo lugar em solo nacional, o Brasil ocupa o 6° lugar como país que mais consome música no mundo. Ouvir música, cantar e dançar fazem parte do cotidiano do brasileiro e gera memes em diversas redes sociais que trazem a comparação a musicais.

O Brasil tem uma relação diferente com a música. Os últimos shows que aconteceram no Rio de Janeiro e em São Paulo provaram que o povo brasileiro é muito apaixonado por música. Dados do Open Box, um site que reúne dados sobre música no mundo todo, indicam que 79% dos brasileiros ouvem música todos os dias chegando a 25 horas por dia, o que supera a média mundial de 20,7 horas.

  • A historiadora Flávia Miguel de Souza, reforça que nossa musicalidade tem influências de povos indígenas originários, povos africanos e imigrantes europeus. (Reprodução - Arquivo pessoal)
  • A estudante de biologia Beatriz Franco, acredita que a cultura rica do Brasil tenha influencia na nossa relação com a música. (Reprodução - Arquivo pessoal)
  • Simone acredita que a internet também contribuiu para que "qualquer um” consiga colocar uma música para circular e consumir também. (Reprodução - Arquivo pessoal)
  • A jovem de 21 anos cita que a música remete a diferentes sensações e emoções. Reprodução - Arquivo pessoal)

A música está ligada à humanidade desde os primórdios, com cânticos, lendas cantadas, rituais religiosos acompanhados de instrumentos musicais e danças típicas. Sempre houve essa ligação com as diversas formas de arte e no Brasil por ser um país miscigenado há a mistura de diversos estilos que têm influência dos diversos povos que construíram suas vidas aqui.

A historiadora Flávia Miguel de Souza comenta que a musicalidade brasileira é a nossa marca no mundo. “A diversidade de gêneros musicais e a origem histórica, que mescla heranças de diversos povos indígenas, africanos e imigrantes torna os sons ricos e ao mesmo tempo únicos. Ouvir música tornou-se parte dos hábitos cotidianos brasileiros. A contribuição das festas, como as festas religiosas, muito populares, acabou por trazer a música para o cotidiano”. Flávia também falou sobre como a musicalidade nacional  influencia e transforma os diferentes gêneros musicais internacionais  que entram em contato com o Brasil.

Beatriz Franco é estudante de biologia e contou que por causa da forte influência da música ao longo de seu crescimento, fez aulas para aprender a tocar diversos instrumentos musicais, como flauta doce e piano, além de estimular o desejo de aprender outros idiomas e a fez se interessar pelos mais diversos gêneros musicais como o k-pop, o pop coreano. “Eu sinto necessidade de escutar músicas em diversos momentos da minha rotina diária, inclusive estou escutando agora enquanto penso nessa resposta. Para acordar, para tomar banho, para estudar, para trabalhar, eu gosto de ouvir músicas em diversos momentos e escolher o melhor tipo de música para o meu humor ou para aquilo que preciso fazer também”.

A professora e pesquisadora do laboratório de Pesquisa de Culturas Urbanas e Tecnologias da Comunicação da UFF, Simone de Sá, estuda música e explica que as tecnologias do início do século XX transformaram o consumo de música no mundo, com a nova formatação para que as canções coubessem em discos que suportavam arquivos de no máximo 4 minutos. “A relação entre tecnologias e experiência musical vai ser importante, pois é possível traçar todo um histórico que faz com que a gente traga colecionadores de vinil, por exemplo, pessoas que se cultuam nos formatos musicais. Isso vai ser super importante para a experiência musical e é uma virada, uma ruptura, no momento em que a música se torna digital e começa a circular na internet”, conclui a comunicóloga

A internet exerce um papel muito importante na disseminação da música e na expansão de gêneros musicais, o funk por exemplo é um gênero que tem crescido e continua furando a bolha da cultura periférica. Aplicativos como o TikTok tem resgatado músicas e criado novas formas de ouvir música, como por exemplo a diminuição dos refrões e retirada de pontes.

Melissa Ambrosio é estudante de turismo e se considera uma pessoa que “respira” música. Ela explica que sempre teve contato com música desde pequena e isso influenciou como consome música atualmente. “Escuto música do momento que acordo até a hora de dormir. Já faz parte das tarefas do meu dia-a-dia e não vivo sem. Imagina pegar um ônibus para a faculdade e não ter uma música te acompanhando durante a viagem? Simplesmente insano”, concluiu Melissa.

Simone diz ver a música como uma das forças  moventes do mundo contemporâneo e que é importante para a construção de identidade e construção de elos entre pessoas através dos gêneros musicais. “A gente se identifica com pessoas que têm os mesmos gostos, que têm a música de nicho, os nichos. A música, definitivamente, é um vetor de conexão. É bem importante na sociedade”.

Luísa Oliveira é estudante de moda e diz que a música no Brasil é uma das formas de manter a cultura e tradições vivas. Também relatou que a música é importante para sua saúde mental e esteve presente em momentos muito especiais para ela. “Um exemplo disso é o show do grupo sul-coreano  Stray Kids que ocorreu no dia 01 de abril desse ano, onde eu tive a oportunidade de ouvir minhas músicas favoritas, conhecer pessoas incríveis que se tornaram uma família para mim. Creio que sem a música na minha vida eu não teria tantas memórias boas, então vejo também como um fator de sociabilidade”.

Flávia explica que a música também conecta as pessoas como povo por meio do reconhecimento cultural. “A música faz parte daquilo que nos define, primeiro como povo, seja qual for o gênero ou as preferências pessoais, ela pode ser percebida como algo nacional, próprio. Em segundo lugar, a música nos define como parte de um grupo social, pois traz a memória afetiva e os regionalismos que nos enriquecem como coletivo. A música nos faz pertencer, de forma ampla”, concluiu a historiadora.

Segundo dados do Open Box, 96% da música consumida no Brasil é nacional. Gêneros como o funk, sertanejo, MPB e o pop nacional estão entre os mais tocados nos serviços de streaming musical, além dos gêneros internacionais como o pop e o R&B estadunidense, o k-pop que tem crescido atualmente e o rock.

Beatriz acredita que a diversidade de ritmos traz e a riqueza cultural influenciam na musicalidade e conexão com a música. “Já que o Brasil é muito rico culturalmente, tendo muitos estilos musicais próprios, como o samba, pagode, axé, forró, sertanejo, MPB, funk, bossa nova, frevo, entre outras influências indígenas e afro-brasileiras, como carimbó e capoeira. Por isso, acredito que os brasileiros realmente possuem uma relação mais profunda com a música, estamos cercados de estilos musicais e manifestações culturais ligadas à música desde sempre, fora o contato e influência de músicas internacionais, possíveis com a internet”, disse a estudante de biologia.

Melissa diz crer que exista uma conexão diferente e mais profunda entre brasileiros e música. “Somos um povo apaixonado por música em todos os seus estilos e ritmos, não é à toa que somos conhecidos como os fãs mais apaixonados e a melhor plateia para os artistas. Somos reconhecidos como pessoas felizes e festivas, onde não tem tempo ruim, abraçamos e dançamos com desconhecidos às vezes no bar, em blocos de carnaval, shows, até mesmo na rua aleatoriamente. Se existe uma coisa que une o brasileiro, é a música”, disse a estudante de turismo.

Por Luiza Moura, 7º período.

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