As festas juninas, que começaram como comemorações para a natureza em período de colheita, foram apropriadas pela igreja católica e transformadas em festas para honrar santos do mês de junho. Atualmente as celebrações são inúmeras e diversas em tradições, movimentam milhares de pessoas em todo o país para assistir aos espetáculos independentemente da região.
Carregada de tradições e história, as festas juninas são parte da cultura brasileira. Em todas as regiões do país o mês de junho é marcado por festividades, como o Festival Folclórico de Parintins onde os bois Garantido e Caprichoso se apresentam para o público ou o Forró Caju que acontece em Aracaju, no Sergipe que reúne milhares de pessoas todo ano para assistir aos shows.
Além das quadrilhas e shows a festa junina também é marcada por suas múltiplas tradições culinárias, bolos de todos os sabores, pipoca, curau, milho cozido, canjica e os mais variados caldos são exemplos de parte desse cardápio extenso. Esse festival que conhecemos atualmente tem relação com festividades realizadas durante solstício na Europa, a festa inicialmente pagã era para celebrar a natureza durante os períodos de colheita e plantio com muitas comidas e rituais dedicados a deuses.
Com a apropriação cristã das festas juninas, três santos foram relacionados às festividades, Santo Antônio, São João e São Pedro, respectivamente nos dias 13, 24 e 29 de junho. No Brasil, o festival sofreu modificações ao entrar em contato com tradições indígenas e africanas, retomando tradições ligadas a comida e período de colheita, mas mantendo os santos católicos.
No Rio de Janeiro, as festas juninas são marcadas por quadrilhas e danças tradicionais. Maria do Socorro é paraibana, tem 68 anos e disse que apesar de ter vindo para o Rio ainda bebê não perde suas raízes e tem orgulho de ser paraibana. “É o maior forró do mundo né, em Campina Grande. A disputa entre Caruaru e Campina Grande. Mas não é porque eu sou de lá não, Campina Grande ganha”, disse Maria.
A Feira de São Cristóvão, patrimônio cultural imaterial do Brasil e histórico do Rio de Janeiro, tem relação com a migração dos povos nordestinos em busca de uma nova vida por volta de 1945. Um dos 700 boxes da feira é o de Maria do Socorro. Ela vende artigos folclóricos e disse gostar das festividades de festa junina, também relatou gostar da expansão da cultura nordestina no Rio de Janeiro e que viu melhora na recepção de pessoas nordestinas após a visibilidade da feira e de novelas com personagens nordestinos.
Já Tais Sousa, que é cearense e trabalha em uma cantina de colégio, diz que ainda há muito preconceito contra nordestinos. Segundo ela, a representatividade nordestina é muito importante, mas que a cultura carioca é muito diferente. “Existe muito preconceito até mesmo por nosso jeito de falar, pelo nosso jeito de nos comunicarmos, entre outros. O nosso sotaque, parece incomodar sabe”, relatou Tais.
Ela também compartilhou amar a época de festa junina e que é uma das datas mais esperadas pelos nordestinos, citou que tem muitas tradições além da festa junina por lá como a Vaquejada. Vaquejada é uma competição em que dois vaqueiros a cavalo têm como objetivo derrubar um boi, também é comum em Minas Gerais.
De acordo com dados do IBGE, cerca de 1,5 milhão de nordestinos estão situados no estado do Rio de Janeiro, distribuídos entre Duque de Caxias, Rio de Janeiro e São Gonçalo. Mesmo que lentamente, é possível ver uma preocupação maior em ter essas culturas diversas a mostra e representadas apropriadamente nas mídias, como em novelas, no cenário da música, em filmes e séries.
Maria do Socorro afirma que o país é muito rico culturalmente e que todos deveriam buscar conhecer mais o nordeste e amar mais ser brasileiro. “O país é muito grande, é muito rico em folclore, em cultura, é maravilhoso, é como se fossem vários países dentro de um só. Em sotaque diferente, comida diferente as características são diferentes. Brasileiro mesmo é no nordeste que é a raiz brasileira, que fundou o Brasil, português, espanhol, francês, é tudo no nordeste”.
Por Luiza Moura, 7° período.








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