Brasileiros buscam outras áreas de atuação para manter contato próximo com o esporte que amam

O futebol é o principal esporte do Brasil, conectando milhões de brasileiros ao redor do país e do mundo. Consequentemente, tornar-se jogador profissional é o sonho de grande parte dos brasileiros durante a infância. Com a grande quantidade de jovens buscando o mesmo sonho, muitos acabam ficando pelo caminho, e desta forma, aumenta cada vez mais o número de pessoas que busca seguir outras profissões que estão ligadas ao esporte.

Um esporte tão grande e popular como o futebol torna possível a existência de diversas profissões que se relacionam com o mesmo. Os onze jogadores que iniciam uma partida pelo clube são apenas os personagens principais de um enredo que engloba milhares de funcionários de um clube. Hoje, com o advento da internet e o incessante fluxo de informações e dados, o departamento de observação tática e análise de desempenho tornou-se um dos mais valorizados dentro de um clube de futebol.

Kelvin Baptista, 20, sonha em atuar como analista de desempenho no futuro. “Nunca quis ser jogador, mas o sonho sempre foi trabalhar com futebol. Ao conhecer a análise de desempenho, curti a ideia. Hoje estou em um projeto em que faço um controle de qualidade de uma inteligência artificial. Temos uma câmera que grava jogos em Brasília, contendo uma IA que corta lances de cada atleta. Faço o controle de qualidade dos cortes para entregar ao atleta que adquirir com a gente, com interesse em colocar no DVD ou usar em uma consultoria individual. Vejo a análise de desempenho no Brasil como uma criptomoeda que temos certeza que vai ter muito valor. Clubes profissionais no Brasil, cada vez mais pensam no departamento de análise, contratam especialistas e se inspiram nas equipes europeias, precursores na área. Logo, acredito que seja uma área que cresce e vai crescer ainda mais”, disse ele.

Por ser um esporte tão popular, a ação da mídia se torna fundamental na difusão de informações e conteúdo ao público. Com a expansão da popularidade das redes sociais, o jornalismo esportivo, em que o jovem vivencia o dia a dia de determinado clube ou competição de futebol, e a criação de conteúdo independente, em que o criador possui mais liberdade sobre seu conteúdo, tornaram-se profissões dos sonhos para muitas pessoas que por motivos próprios, ou da vida, não se tornaram jogadores de futebol.

Apaixonado por futebol desde a infância, o estudante de jornalismo André Vasconcelos, 21, busca unir suas duas paixões por meio do jornalismo esportivo. “Reconheci ainda cedo que apesar de gostar de jogar, não tinha tanta qualidade para chegar ao futebol profissional. Porém, foi preocupante também encontrar o caminho, conseguir me ver em outra opção que não fosse aquela,  isso causou um pouco de receio por algum tempo. Hoje sou comentarista esportivo em uma web rádio, então acabo consumindo, vendo e tentando passar além da emoção da partida, uma visão diferente para quem está na audiência ouvindo. Falar sobre futebol é uma das maiores paixões da minha vida, viver grandes eventos e estar ali com grandes personagens é um objetivo, sonho em ser jornalista de grandes veículos, e poder trabalhar em uma Copa do Mundo acho que é o ponto máximo que almejo nesse aspecto”, enfatiza.

Com mais de 500 mil seguidores em suas redes sociais, Manoel Viana, 21, conta que em algumas ocasiões é parado na rua pelo seu trabalho de criação de conteúdo futebolístico. “Sempre sonhei em ser jogador, em determinado momento da minha vida levei isso muito a sério, até que percebi que não tinha talento suficiente e voltei a focar nos estudos. Em alguns momentos penso que deveria ter tentado mais, mas sou muito feliz com o que faço hoje. Algumas pessoas me param na rua, elogiam o meu trabalho. Tenho certeza que se eu fosse jogador,  não teria o mesmo sucesso profissional. Acredito que esse mercado de criação de conteúdo ainda é novo, mas tem muito espaço para se desenvolver”, diz Manoel. 

O jornalista César Costa comenta sobre o crescimento do número de jovens que realizam sua trajetória profissional fora das quatro linhas dos campos de futebol. “O futebol é um universo infinito, com quase todas as profissões do mundo. Se você parar para pensar, o futebol vai desde o cara que faz imitações, dancinhas, humor, ao cara de conteúdo mais denso e complexo, com estatísticas, análises táticas ou resgate de histórias. Com criatividade, tem espaço pra tudo. Se você tentar fazer o mesmo que alguém consolidado da sua área já faz, provavelmente não vai ter tanto espaço para você. Por ser um ambiente que todo mundo vive, as possibilidades são enormes para trabalhar. Penso que ainda existe muito para ser explorado”, finaliza César. 

Ao longo do tempo, cada vez mais opções de trabalhos relacionados ao futebol se mostram presentes na rotina de brasileiros. Apesar do grande foco estar voltado aos jogadores, é necessária a atuação de diversos profissionais para a realização do espetáculo. Com criatividade, estudo e competência, torna-se possível estar presente no resultado de dentro das quatro linhas mesmo atuando do lado de fora. 

João Pedro Magalhães – 7º Período

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