Com o último caso registrado em 1989, a poliomielite segue como motivo de preocupação para autoridades brasileiras devido à queda na vacinação infantil e à persistência da doença em outros países.

Apesar de a poliomielite ter sido erradicada em muitos países, a baixa adesão à vacinação, impulsionada pela desinformação e por dificuldades logísticas, ameaça trazer de volta a doença. Também conhecida como Paralisia Infantil, a poliomielite pode apresentar sintomas semelhantes aos de uma gripe, como febre e dor de garganta, ou ainda infecções gastrointestinais, que incluem náusea, vômito, constipação e dor abdominal. Profissionais de saúde alertam sobre a importância da imunização infantil e apontam soluções para aumentar a cobertura vacinal em todo o país.

A poliomielite, também conhecida popularmente como paralisia infantil, foi oficialmente declarada erradicada no Brasil em 1994. No entanto, a baixa adesão à vacinação nos últimos anos e o aumento de casos em países onde a doença ainda não foi eliminada, como Angola, Senegal e Libéria, na África, preocupam autoridades de saúde. Segundo especialistas, a vacinação em massa é a única forma de evitar o retorno da doença, que afeta principalmente crianças.

Para Alexandro Alves, enfermeiro e sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, a adesão das famílias à campanha de vacinação varia de acordo com a região. Ele explica que a adesão é geralmente alta em áreas urbanas, onde as pessoas têm mais acesso à informação e aos serviços de saúde. Já em áreas rurais ou comunidades isoladas, as dificuldades para alcançar a população são maiores, o que acaba comprometendo a imunização.

Alexandro Alves, Enfermeiro e Sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde do Rio.

O especialista também destaca que os principais desafios para a aplicação das vacinas são o acesso limitado a regiões remotas, a falta de informação adequada e o aumento da desconfiança em relação às vacinas, muitas vezes alimentada por fake news. Além disso, ele menciona que a falta de recursos humanos e financeiros em algumas regiões torna difícil a execução de campanhas de vacinação abrangentes. O enfermeiro também mencionou que, em determinados contextos, conflitos armados e instabilidades políticas agravam ainda mais a situação. “Infelizmente, a disseminação de notícias falsas faz com que os pais fiquem receosos quanto à segurança da vacina, o que impacta diretamente na cobertura vacinal”.

Para superar esses obstáculos, o enfermeiro e sanitarista Alexandro Alves defende o uso de campanhas de conscientização mais amplas, que incluam não apenas a televisão, mas também outros meios de comunicação, como mídias sociais e rádio, para alcançar um público maior. Ele também afirma a necessidade de contar com profissionais capacitados para sanar os receios dos pais e destaca a importância de iniciativas inclusivas, como a vacinação móvel, que pode auxiliar no acesso à vacinação em áreas isoladas ou em populações carentes, ou que tenham dificuldade de locomoção. “Precisamos de profissionais de saúde bem preparados, que saibam lidar com as dúvidas e receios dos pais, além de programas que ampliem o acesso a postos de vacinação, especialmente nas áreas mais distantes”.

A vacinação é uma das principais formas de prevenção de diversas doenças, e a pediatra Cristianne Costa ressalta a importância de manter sempre o calendário vacinal em dia, principalmente para evitar o ressurgimento da poliomielite. “A poliomielite é uma doença extremamente perigosa. Ela pode causar paralisia e até levar à morte. Mesmo com a erradicação no Brasil, não podemos baixar a guarda”.

Cristianne Costa, Pediatra e Reumatologista Pediátrica.

Assim como o enfermeiro e sanitarista Alexandro Alves, a pediatra Cristianne Costa destaca que a disseminação de notícias falsas, as famosas fake news, gera uma crescente resistência de alguns pais à vacinação. “Infelizmente, com tantas notícias falsas, muitos pais ficam inseguros e acabam não vacinando seus filhos. Isso é preocupante porque, além da poliomielite, já estamos vendo o retorno de outras doenças, como o sarampo e a coqueluche, que antes estavam sob controle”.

A principal maneira de prevenir a poliomielite é por meio da vacinação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza duas vacinas que se complementam: a vacina inativada e a vacina atenuada. A vacina inativada é administrada em bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade. O reforço com a vacina atenuada, que é aplicada via oral (em gotinhas), deve ser feito entre 15 e 18 meses e, novamente, entre 4 e 5 anos de idade.

Adalberto Ribeiro – 6° Período

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