Impacto humano em queimadas e estiagem acendem alerta, números dobram em relação ao ano passado. O Parque Municipal Nacional das Montanhas é afetado.

Focos de incêndio no Estado do Rio de Janeiro em 2024 têm aumento de 200% em relação ao ano anterior, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INSPE). Apenas na capital do Estado, 16 mil focos de incêndio já foram apagados pelo corpo de bombeiros.  Trinta e nove parques já foram reabertos depois de terem sido fechados para prevenir incêndios. Dentre eles, 11 parques e 7 unidades de preservação estão disponíveis para visitação, enquanto 21 unidades estão com acesso restrito. O fechamento de unidades florestais tem sido uma das medidas adotadas em âmbito municipal e estadual.

É o que atesta Vítor Cunha, chefe do Parque Nacional Municipal das Montanhas (PNMMT) sediado em Teresópolis, na Região Serrana. “Uma das medidas adotadas foi o fechamento de parques estaduais (fechados no momento da entrevista), algo que aconteceu também no PNMMT, onde na última segunda tivemos um incêndio criminoso e ficou fechado até segunda (16/07) para ações preventivas”, disse Vítor.

O incêndio em questão foi mais um entre diversas ocorrências no Estado. Apenas na cidade do Rio de Janeiro, foram identificados 460 casos em apenas 24 horas, na maior parte das vezes as causas são vindas de ações ilegais. 

Jair de Rezende, guarda civil municipal de Teresópolis e morador da região do Córrego do Príncipe, que faz divisa com o Parque, conta que vários amigos dele foram afetados diretamente pelo incêndio e relata que a movimentação durou o final de semana todo. “O fogo chegou bem perto, chegou bem próximo da Pedra da Tartaruga, o helicóptero chegou por lá e jogou água para apagar. Chegou perto de muitas pessoas do bairro, deve ter matado muitos animais, foi horrível esse incêndio”, comentou Jair.

As queimadas, mesmo após o foco de incêndio, se estenderam para perto da parte florestal onde se concentra parte da mata presente na localidade. A ação para impedir o avanço das chamas foi feita em uma equipe conjunta com diferentes órgãos estaduais, municipais e federais.

 “A fauna foi afetada levando a morte de animais como uma jaguatirica, uma cobra-coral e calangos (lagartos do mato) Ainda não foi possível medir qual foi a perda total da mata atlântica (sobre a flora), mas perdemos uma nascente que abastecia parte da população local e é importantíssima em uma época em que não está chovendo”, disse Vítor

Impactos da estiagem.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) informa que a previsão na primavera é uma maior frequência de chuva, algo que não ocorreu com frequência entre agosto e setembro, a estiagem, um dos fatores que agrava as queimadas pode ser sentida de forma direta em alguns municípios do Rio de Janeiro. Em Guapimirim, localidade que sedia o sistema de abastecimento Imunana-Laranjal, se encontra em estado de emergência desde o dia 17 de setembro. 

Segundo informações do Instituto Trata Brasil, 33 milhões de brasileiros se encontram em situação de falta de acesso à água potável em uma população de 215 milhões de brasileiros, o estudo expõe um cenário de crise, visto que o  país possui os dois principais aquíferos do mundo, o Guarani na Região Centro-Sul e Alter do Chão na Região Norte.

A gestora ambiental Cristiane Duarte alerta para o momento passado pelo país e destaca que a gravidade do atual momento não se restringe ao Estado do Rio de Janeiro. “A falta de reposição hídrica tem trazido consequências drásticas, as queimadas que vem se intensificando pela falta de umidade no solo e ar, o ar quente e o solo seco, facilitam o processo de perda da vegetação que requer a umidade a falta de chuva, muda todo um ciclo,  a nossa sobrevivência vem dos recursos naturais, sem eles não há vida”.

Para Vitor Cunha, as pessoas só vão se dar conta do problema quando perceberem que vão estar faltando os recursos mínimos para subsistência, como a água, e ao queimar florestas, as pessoas podem perder para sempre recursos elementares para a vida.

Marcio Weber – 6° Período

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