As brincadeiras vão além do entretenimento: são essenciais para a formação emocional, cognitiva e social das crianças. Elas promovem habilidades como a criatividade, a resolução de problemas e o controle emocional, preparando-as para a vida adulta.

Com o Dia das Crianças se aproximando – celebrado no Brasil em 12 de outubro –, é o momento ideal para refletir sobre o papel essencial das brincadeiras no desenvolvimento infantil. O brincar não é apenas uma atividade lúdica, mas uma ferramenta crucial para o crescimento saudável das crianças, como reconhece a Base Nacional Comum Curricular. Alinhada às melhores práticas pedagógicas, a BNCC reforça que, ao brincar, as crianças desenvolvem habilidades cognitivas, emocionais, sociais e motoras, fundamentais para sua formação integral. No contexto da celebração, é importante destacar a relevância de valorizar e incentivar momentos de diversão e aprendizado para garantir um desenvolvimento pleno na infância.

Brincar é uma atividade instintiva fundamental para o crescimento das crianças. Por meio das brincadeiras, elas exploram o ambiente ao seu redor, desenvolvem habilidades motoras, ampliam sua capacidade de comunicação, aprendem a solucionar problemas e, principalmente, criam laços sociais. Na Educação Infantil, o ato de brincar é uma linguagem universal que ultrapassa barreiras culturais e linguísticas, sendo amplamente reconhecido como uma das formas mais eficazes de aprendizado.

É essencial que os educadores vejam as atividades lúdicas como parte integrante do processo de avaliação, reconhecendo que elas oferecem uma oportunidade única para observar e entender a criança. Para Marinete Reis, 56 anos, professora infantil, o brincar é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento motor e a coordenação das crianças. “Como professora numa creche, posso dizer que o brincar, especialmente o livre, permite que as crianças explorem o ambiente, testem seus limites físicos e desenvolvam habilidades importantes. Atividades como correr, pular, subir, descer, jogar bola e manipular objetos pequenos estimulam tanto a coordenação motora grossa quanto a fina”, exemplifica Marinete.

Esses aspectos reforçam a compreensão do papel do brincar na Educação Infantil, evidenciando não apenas sua importância como uma prática natural da infância, mas também como um componente crucial para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento completo das crianças.

“Os desafios que enfrentamos em sala de aula e um deles é a diversidade de interesses e habilidades das crianças. Algumas têm mais facilidade em atividades motoras, enquanto outras podem precisar de mais estímulo ou acompanhamento. Além disso, temos que garantir que o ambiente seja seguro e apropriado, com brinquedos que incentivem o desenvolvimento, sem sobrecarregar ou causar frustração”, discorre Marinete.

Para manter um equilíbrio saudável entre o tempo de tela e as brincadeiras, é importante que os pais estabeleçam uma rotina desde bebês até a fase infantil que incentiva a diversidade de atividades ao longo do dia. Isso envolve reservar momentos específicos para o uso de dispositivos eletrônicos, mas também garantir espaço para atividades físicas, jogos criativos e interações sociais, proporcionando um desenvolvimento mais completo  para as crianças. 

Segundo Kathleen Carreiro, 21 anos, operadora de caixa e mãe do pequeno Theodoro, de 5 meses, compartilha como tem conseguido conciliar os momentos de cuidado com o filho com sua rotina de trabalho. “Bom, agora que voltei a trabalhar, ele passa mais tempo brincando e dormindo. Mas, durante o período em que fiquei em casa, eu costumava deixar o Theo pela manhã assistindo desenho, por cerca de 20 minutos, porque era o tempo que eu conseguia tomar café e organizar algumas coisas da casa. Logo depois, eu dava mama e ele tirava a primeira soneca. Quando ele acordava dessa soneca, eu dava o primeiro banho e, em seguida, começamos as brincadeiras. Colocava ele em frente ao espelho, o colocava no chão e o girava de um lado para o outro. Também usava muito o chocalho com ele”, relata Kathleen.

“As brincadeiras ajudam muito no desenvolvimento da autonomia do meu filho, principalmente as que estimulam o sensorial do bebê” , conta Kathleen.

(Reprodução de Imagem: Arquivo Pessoal)

“As atividades que mais o incentivam são virar, conhecer o próprio corpo, sentar sozinho e até mesmo começar a engatinhar”, diz Kathleen.

(Reprodução de Imagem: Arquivo Pessoal)

Além disso, brincar vai muito além da diversão, sendo uma das atividades mais poderosas para o desenvolvimento infantil. Especialistas apontam que as brincadeiras não só fortalecem os laços familiares, mas também desempenham um papel fundamental no crescimento emocional, cognitivo e social das crianças. Para Silvia Nascimento, 34 anos, assistente administrativo e mãe do Carlos Eduardo, de 7 anos, o momento da brincadeira faz parte da linguagem natural da criança. “Bom, meu filho ama brincar de cócegas, jogo da velha e papel, pedra ou tesoura. Ao meu ver, a primeira brincadeira alivia o estresse e proporciona um momento descontraído, enquanto as outras estimulam o raciocínio, a estratégia e o aprendizado sobre como lidar com a frustração ao perder”, destaca Silvia.

“A importância das brincadeiras no dia a dia com meu filho está em nos ajudar a criar laços e memórias afetivas. É uma forma de nos comunicarmos e de matar a saudade, já que não passamos o dia todo juntos.” , afirma Silvia.

(Reprodução de Imagem: Arquivo Pessoal)

Desse modo, até os dois anos, é importante estimular movimentos e a curiosidade, com jogos de encaixe, bolinhas de pelúcia e brincadeiras que envolvam sons e reconhecimento facial. A partir dos dois até os três anos, as crianças já caminham e brincam sozinhas, sendo o faz de conta e a identificação de emoções ótimas maneiras de estimular a imaginação e o aprendizado. Brincadeiras como separar brinquedos por cores e desenhar emoções ajudam no desenvolvimento cognitivo e social.

Dos quatro aos cinco anos, as crianças adquirem mais independência e começam a entender melhor regras, preferindo brincadeiras que envolvem criar fantasias, montar blocos ou fazer colagens. Entre seis e oito anos, surgem habilidades mais avançadas, como leitura e raciocínio lógico, sendo o trabalho em equipe importante em jogos como caça ao tesouro e futebol de botão. Acima dos nove anos, as brincadeiras podem incluir esportes e jogos mentais, além de atividades que estreitam os laços familiares, como hortas e jogos de tabuleiro. Sendo assim, o brincar é fundamental em todas as fases da infância, com atividades que variam conforme o desenvolvimento da criança.

Júlia Gabriela – 7º Período

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