Os Jogos Latino-Americanos das Olimpíadas Especiais acontecerão nos dias 4 a 12 de outubro em Assunção, no Paraguai. A participação do Brasil nesta competição destaca a força e a determinação da delegação brasileira, que competirá em diversas modalidades. Com 83 membros, o Brasil terá sua maior delegação em competições internacionais na quarta edição dos jogos que têm como objetivo transformar a sociedade por meio do esporte, promovendo a inclusão e o respeito às pessoas com deficiência intelectual.

O processo de formação da delegação brasileira é de suma importância. O chefe de delegação, Professor Rafael Fiuza Cislaghi, explica como a seleção é realizada. “Organizamos um ciclo de jogos que vai do local ao nacional para formar a delegação, depois disso selecionamos os técnicos interessados em viajar, e, entre eles escolhemos aqueles que acreditamos ter o perfil adequado para essa missão”. Para garantir que todos os treinadores estejam bem preparados para atender às necessidades específicas de cada atleta, os treinadores passam por uma formação oferecida pela delegação Olimpíada Especial Nacional. “É fundamental que os técnicos não só tenham qualidade técnica, mas também um bom trato com os atletas. São 10 dias de viagem onde eles estarão acompanhando alimentação, sono e toda a rotina”, ressalta Rafael.

Ele explica que o cuidado não se limita ao aspecto físico, mas também abrange o bem-estar psíquico dos participantes. “A atenção é essencial. Quando possível, fazemos um encontro da delegação antes da competição, onde explicamos tudo e conversamos sobre as expectativas.”( Reprodução Arquivo pessoal )
O impacto das Olimpíadas Especiais no desenvolvimento dos atletas é significativo tanto em termos de habilidades quanto no crescimento pessoal, segundo Itamar Tomás de Aquino, assistente chefe de delegação e coordenador nacional de eventos e competições. “A partir do momento que eles começam a treinar diariamente, ou duas vezes por semana, a melhora na coordenação motora e no físico em geral é extraordinária”, disse. Além disso, Itamar também destacou que além dos benefícios físicos, os treinos regulares contribuem para uma melhora na autoestima dos atletas. Itamar observou ainda que, com o tempo, eles passam a se sentir mais confiantes e capazes, o que impacta positivamente suas relações interpessoais, favorecendo a integração em grupo e fortalecendo o espírito de equipe.
Para o atleta Jorge Adriano Ferreira, 20, jogador de basquete da modalidade 3×3, o esporte auxiliou no seu desenvolvimento. “Me auxiliou não só na parte física, mas como na parte emocional, criou uma rotina para mim, é como uma terapia, também me ajudou na parte de comunicação e socialização”. Os atletas da modalidade de basquete 3×3 compartilharam suas expectativas para a 4ª edição dos Jogos Latino-Americanos no Paraguai. Victor Salles, que joga na modalidade desde de 2022, destacou a paixão pelo basquete e como está em relação a essa edição das Olimpíadas Especiais. “Minha motivação para participar desses jogos latinoamericanos, vem da força de vontade, da paixão pelo esporte, e não do dinheiro. Mesmo sem recompensas financeiras, eu e meus colegas mostramos o amor pelo que fazemos. As olimpíadas especiais representam uma oportunidade valiosa, é uma “porta aberta” para mostrar e demonstrar essa paixão e comprometimento”


O modelo de esporte unificado das Olimpíadas Especiais é uma iniciativa que reúne pessoas com e sem deficiência intelectual. Rafael Ribeiro dos Santos, atleta parceiro e educador físico, compartilha sua jornada nas Olimpíadas Especiais, que se estende por mais de uma década. Rafael começou a se envolver após ser convidado pela instituição APABB (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência), onde atuava como estagiário. Ele destaca a sua experiência e como ela vem transformando a sua maneira de pensar, que apesar de ensinar, se aprende bastante.” Porque nós começamos a entender e a enxergar com os olhos das pessoas com deficiência. Então muitas coisas que pensamos, e entendemos, em relação à inclusão, muita coisa cai por terra quando você começa a enxergar com os olhos de quem vive aquela realidade mesmo no dia a dia”.

Lucas Dutra Monteiro, também atleta parceiro e professor de Educação Física, compartilha sua vivência nas Olimpíadas Especiais ao longo dos últimos sete anos. “Os desafios estão em vencer o preconceito. É gratificante nos tornarmos amigos dos atletas e estabelecermos um vínculo próximo.” Ele destaca a importância das relações formadas: “Além de ser parceiro, sou treinador deles. Nós trocamos mensagens, nos divertimos e conhecemos as famílias.”

Lucas acredita que as Olimpíadas Especiais desempenham um papel crucial na promoção da inclusão. “Acho que o trabalho começa na base, com crianças que ainda não podem participar de competições oficiais. A iniciação esportiva é fundamental para o desenvolvimento e a autonomia dos atletas.” Para ele, o esporte é um meio poderoso de ajudar na formação de cidadãos mais independentes.
Após destacar a importância da parceria no esporte, uma das atletas parceiras que competirá na modalidade bocha, Myllena Roque, também refletiu sobre a experiência de convivência nas Olimpíadas Especiais. Ela comentou como essa vivência tem transformado sua maneira de ver a inclusão, agora com mais sensibilidade e empatia. “Tem me incentivado nessa questão de ser uma pessoa mais empática, não só na questão de deficiência, mas como ser humano”, afirmou Myllena.
Myllena também ressaltou que, em muitas situações, a inclusão é tratada de forma obrigatória, quase como algo imposto. Porém, ao conviver com o ambiente das Olimpíadas Especiais, ela descobriu que a verdadeira inclusão envolve uma abordagem mais leve, sensível e empática. “Essa experiência tem me ajudado a ser uma pessoa melhor, não só com quem tem deficiência, mas em geral, como ser humano”, afirmou.


Com a chegada dos Jogos Latino-Americanos no Paraguai, as expectativas entre os atletas são altas. Para elas, a competição representa a realização de um sonho, um momento de superação e celebração dos esforços de todos os envolvidos. Esse sentimento de conquista é vivido por atletas e parceiros, que veem na oportunidade a chance de levar suas habilidades e representar o país.
Myllena Roque, atleta parceira, expressou a surpresa e a emoção em estar prestes a vivenciar esse momento ao lado de sua equipe. “Estamos realizando um sonho juntos. Acho que isso impactou demais porque eu não esperava, confesso que eu não esperava, e acabou que a gente conseguiu”, comentou, ao lado de Ana Carolina Mourão.
O técnico do time de basquete, Chico Cosmo, destacou a importância das metodologias de treinamento que priorizam a participação de todos os atletas, ressaltando que isso visa a inclusão social em diversos contextos, como bairros e escolas. Ele explicou que um exemplo dessa abordagem é o Basquete 3×3, que une atletas com e sem deficiência intelectual, promovendo a valorização de todos os membros da equipe. “As metodologias de treinamento priorizam a participação de todos os atletas, visando a inclusão social em diversos contextos, como bairros e escolas. Um exemplo dessa abordagem é o Basquete 3×3, que une atletas com e sem deficiência intelectual, promovendo a valorização de todos os membros da equipe. Assim, as Olimpíadas Especiais desempenham um papel crucial na promoção da inclusão por meio do esporte.”


Giulia Karol – 4° Período





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