Jovens já empregados ou em busca de sua primeira oportunidade de emprego lidam com as frustrações do mercado profissional.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, um ser humano é tido como adolescente quando se encaixa na faixa etária que se estende dos 10 aos 19 anos. Já entre os 15 e 24 anos, a classificação indicada é a juventude. Entre frustrações e inseguranças que lidam durante esta transição, é normalmente nesta etapa da vida em que os jovens iniciam seu trajeto profissional e se deparam com as dificuldades do mercado de trabalho. 

Os jovens estão cada vez mais presentes no mundo corporativo. De acordo com dados divulgados em estudo pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2024, 14 milhões de jovens na faixa dos 14 entre os 24 anos encontram-se ocupados, número que mostra crescimento quando comparado aos 13,7 milhões divulgados no ano passado. O estudo também informou que no primeiro semestre de 2024, 602 mil jovens se encontram empregados por meio do programa Jovem Aprendiz, resultando no melhor resultado da história da pesquisa. 

Entretanto, os números de jovens ingressando ao mercado profissional não são os únicos que crescem. Os relatos de exaustão, impactos na saúde mental e síndrome de burnout estão cada vez mais presentes no cotidiano da juventude. Um estudo realizado pelo IES (Institute for Employment Studies) informou que 46% dos jovens entrevistados afirmaram nunca ter sequer conversado sobre saúde mental em seus ambientes de trabalho.

O assistente administrativo José Silva, 22, enfatiza os danos causados pela rotina profissional em sua saúde. O jovem também declara que, por muitas vezes, possuía dificuldades de desconectar a mente dos problemas de trabalho mesmo quando já estava em sua casa. “Por ter que lidar constantemente com diversos tipos de público, do vendedor ao cliente, é inevitável não chegar minimamente estressado em casa, esgotado mental e fisicamente. De início eu levava muito do trabalho pra casa, até perceber que dessa forma basicamente eu largava do trabalho presencial para trabalhar em home office, sem ser remunerado para isso. Hoje consigo separar melhor e me desvencilhar do trabalho estando em casa”, diz José.

Aos 20 anos, Marcos Vinicius Andrade busca se inserir no mercado de trabalho desde os 14 anos. Sem sucesso, se mantém focado hoje em prestar o ENEM, vestibular direcionado aos estudantes que já concluíram o ensino médio, visando assim uma graduação que o qualifique melhor e lhe renda mais oportunidades. “A grande dificuldade é a falta de emprego e também de experiência. Busco uma oportunidade desde cedo. Aos 14 anos me inscrevi no programa Jovem Aprendiz, mas nunca fui chamado. Sinto que isso me atrasa hoje, pois não tive experiência anterior. Tento me manter estável emocionalmente e busco sempre fazer cursos para ter uma boa base de conhecimento, mas mesmo assim, a pressão é muito grande”, disse ele.

O mercado de trabalho não vem sendo fácil nem mesmo para quem já está inserido no ambiente universitário. A estudante de jornalismo Júlia Gabriela, 23, relata extrema dificuldade para conseguir uma vaga em sua área. “São poucas vagas e muitos candidatos. Já fiz inscrição para estágios ótimos, mas que eram apenas uma vaga para vários estudantes concorrentes. Tem sido difícil pois as vagas nunca são exclusivas para comunicação ou jornalismo. Sempre está incluso o marketing, que acaba fugindo da minha área. Com isso, nós estudantes precisamos saber e estudar de tudo para conseguir um emprego simples de um salário mínimo. No fim, tenho muito medo de não conseguir trabalhar na minha área. É um misto de ansiedade com angústia”, afirma Júlia.

O psicólogo Wallace Sousa analisa os principais malefícios causados pela pressão de adentrar o mercado de trabalho cedo e sugere dicas para auxiliar os jovens no cuidado com os sintomas. “Este tipo de pressão pode ser extremamente prejudicial aos jovens. A cobrança, tanto interna quanto externa, pode levar a altos níveis de estresse e ansiedade. Muitos jovens se sentem sobrecarregados por expectativas irrealistas e pela pressão para serem produtivos constantemente. Para se afastar dos problemas de trabalho fora de expediente, os jovens precisam estabelecer limites claros, praticar atividades que gostem, como hobbies ou exercícios físicos. A desconexão digital e a priorização do tempo com a família também são muito importantes. Vale ressaltar que a ajuda profissional também é muito importante quando a rotina está muito pesada. A ajuda pode auxiliar na prevenção de problemas com o burnout, ansiedade, depressão e outros”, finaliza Wallace.

A exaustiva pressão por alcançar um bom patamar profissional de maneira extremamente rápida e irreal vivenciada pelos jovens causa inúmeros malefícios. É fundamental a busca por ajuda profissional, que se estende não só ao público jovem, mas para todas as pessoas que se encontram com a saúde mental instável.

João Pedro Magalhães – 7° Período

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