O mercado global de games, que atualmente movimenta cerca de 150 bilhões de dólares e cresce a uma taxa de aproximadamente 10% ao ano, está passando por uma fase de transformação significativa. Recentemente, o Brasil sancionou a lei 14.852/24, estabelecendo o Marco Legal para a indústria de jogos eletrônicos no país. Esta legislação visa regular a fabricação, importação, comercialização e desenvolvimento de jogos no território nacional, refletindo um esforço para estruturar e fomentar o setor. No entanto, o mercado enfrenta um cenário complexo de desafios e oportunidades, especialmente no que diz respeito à diversidade e à evolução das plataformas de jogos.
Haru Jiggly, uma voz proeminente na comunidade gamer, compartilha suas experiências como mulher no setor. Em um tom ponderado, ela observa: “Não é o mercado mais fácil do mundo para as mulheres. Enfrentamos dificuldades que muitas vezes os homens não têm que enfrentar.” Ela admite que prefere não se aprofundar nesse tema, temendo cair em um ciclo de autopiedade que poderia impedir seu progresso. “Sinceramente, eu não gosto nem de pensar muito nisso, ou a gente fica num ciclo de autopiedade que nos impede de dançar conforme a música e superar nossos próprios desafios”, desabafa Haru.


A ascensão dos jogos “Live Service”, que oferecem atualizações contínuas e novos conteúdos para manter os jogadores engajados, também está moldando o futuro da indústria. Uma pesquisa da NewZoo revelou que a média de idade dos jogos mais jogados em 2023 é de 7 anos, o que indica uma maturidade crescente no mercado e levanta questões sobre a direção futura dessa tendência.

Eddy Venino, marketólogo e escritor especializado em conteúdo geek e games, analisa as expectativas em relação ao Marco Legal e expressa preocupações sobre a inclusão na indústria. Segundo ele, os games Live Service são investimentos mais seguros, uma vez que já existe uma franquia estabelecida e um público fiel. “O Call of Duty, por exemplo, lançou seu Battle Royale com sucesso,” disse. No entanto, ele também adverte sobre o desafio de atender às expectativas geradas por essas iniciativas.

Filipe Carbone, jornalista especializado em jogos, esporte eletrônico e tecnologia, comenta sobre os recentes fechamentos de estúdios de games, incluindo Arkane Austin, Tango Gameworks, Alpha Dog e Roundhouse Games, todos vinculados à Microsoft. Filipe observa que a pandemia trouxe um aumento significativo na visualização e consumo de games. Ele comenta que muitos estúdios acreditaram que essa demanda se manteria a longo prazo. “A realidade, no entanto, tem sido diferente, o que levou a dificuldades para muitos no setor”, conclui.


Haru Jiggly também expressa preocupações sobre a expansão dos jogos como serviço. “Algumas perdas de estúdios importantes nos deixam preocupados”, afirma ela, ressaltando que esses fechamentos afetam tanto os profissionais da indústria quanto os consumidores.
Apesar das incertezas, Filipe Carbone acredita que a decadência do mercado de games não é inevitável. “O nicho de games é vasto e continua a se expandir com o lançamento de novas gerações de consoles. Embora seja importante que os desenvolvedores estejam atentos às preferências do público, o setor ainda tem muito a oferecer”, argumenta Filipe.
Enquanto isso, Eddy Venino destaca o crescimento dos jogos mobile, que continuam a expandir sua base de usuários. “O mercado de jogos mobile está em plena expansão. Embora não receba a mesma atenção da mídia que os consoles, o mobile é um dispositivo multifuncional que não está destinado a substituir a indústria tradicional, mas a coexistir com ela”, conclui Eddy.
À medida que o setor de jogos avança, a integração de novas tecnologias e a adaptação às mudanças nas preferências dos consumidores serão cruciais para moldar o futuro da indústria. A crescente diversidade de plataformas e a evolução constante das expectativas dos jogadores garantirão que o mercado de games continue a ser um campo dinâmico e inovador, repleto de possibilidades e desafios.
Mario Freire – 2° Período





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