Alimentos não perecíveis, água mineral e itens de higiene e limpeza são o foco da campanha de doação. É possível também contribuir financeiramente para ONGs que estão ativamente envolvidas em prestar assistência às pessoas necessitadas

As doações arrecadadas para o Rio Grande do Sul têm sido a principal resposta às inundações causadas pelas intensas chuvas no fim de abril e início de maio, que impactaram diversas cidades do estado. Segundo o último boletim de atualização da Defesa Civil, divulgado no sábado (11), o número de mortes nas enchentes subiu para 136 e os desaparecidos chegaram a 125. A tragédia foi agravada por um bloqueio atmosférico que prolongou a nebulosidade sobre as regiões gaúchas por vários dias. Esse evento se diferencia das ocorrências do ano anterior, quando ciclones extratropicais causaram mortes e devastação, especialmente em áreas como o Litoral Norte e o Vale do Taquari. Contudo, pessoas de todos os estados do Brasil e até de fora se mobilizam diariamente para arrecadar doações para as vítimas da tragédia. 

A crise revelou uma demonstração de solidariedade e apoio, transcendendo estados e diferenças geográficas. Pessoas de todos os estados do Brasil e até mesmo de fora do país estão se mobilizando diariamente para arrecadar doações e prestar assistência às vítimas. Em um esforço conjunto, voluntários, organizações da sociedade civil e empresas têm se unido para enviar suprimentos essenciais, como alimentos, água potável, roupas, produtos de higiene e ajuda financeira. 

A médica veterinária Victória Freire, 25, anunciou nas redes sociais uma iniciativa de assistência e transporte de doações. Segundo ela, a ação teve um grande impacto, superando todas as expectativas em relação à resposta solidária. Acho que o que mais me impressiona nisso tudo é que não tenho muitos seguidores no Instagram, então não imaginei que tomaria a proporção que tomou. Em um dia conseguimos doar mais de 2 mil litros de água. Pessoas que nem me conhecem transferiram dinheiro para minha conta só pela vontade de ajudar os gaúchos mesmo. Do pobre ao rico, todo mundo doou sem saber quem receberia no final, pra mim esse é o auge do altruísmo, comenta Victória Freire.

 Registro de mais de 2 mil litros de água arrecadados para serem levados para os pontos de entregas. (Reprodução: Arquivo pessoal)

O sentimento de perda persiste, com uma saudade e uma dor, mesmo após as contribuições recebidas. Essas doações, embora valiosas e feitas em solidariedade, não conseguiram dissipar completamente a perda dos gaúchos. De acordo com o publicitário Matheus Natividade, 28, que mora em Santa Catarina, os pais que residem no Rio Grande do Sul estão conseguindo as doações. “Meus pais estão conseguindo bastante ajuda de pessoas da igreja ou de alguns ginásios. Entretanto, como é bastante gente, é muita fila. Meu pai foi para a fila das 8 horas da manhã até às 15 horas  para conseguir cobertor e roupa, pois tem a previsão do estado esfriar bastante, mas ele conseguiu. Sobre o sentimento que temos com tudo isso, parece que ainda não é verdade, pois eu fui criado naquele bairro e tem muita memória de brincar e sair na rua, e ver que o bairro todo está debaixo d’água é bem impactante” , informa Matheus.

 Matheus compartilha o vídeo da casa do seu pai. ‘Esse vídeo é do dia 08/05 pela manhã. A casa dele é a do fundo do vídeo do lado esquerdo’

Além das contribuições destinadas às vítimas humanas, é importante destacar que muitos animais também foram afetados pela tragédia. Equipes de resgate e voluntários têm trabalhado incansavelmente para socorrer esses animais que enfrentam situações de extremo perigo. Até a manhã desta terça-feira (7), cerca de 6.000 animais já foram resgatados das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul.

De acordo com as autoridades locais, aproximadamente 5.432 animais foram salvos por equipes como o Corpo de Bombeiros, a Brigada Militar e a Polícia Civil. Além disso, o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD), uma organização não governamental, reportou ter resgatado outros 214 animais na região metropolitana de Porto Alegre, uma área duramente atingida pelo transbordamento do Lago Guaíba.

Esses animais precisam de cuidados médicos, abrigo e alimentação adequada para sobreviverem e se recuperarem dos traumas vivenciados. Com isso, as doações não só beneficiam as vítimas humanas, mas também são essenciais para ajudar na reabilitação e proteção dos animais que fazem parte desse estado afetado pelo desastre natural. Segundo a estudante de medicina veterinária Kamilly, 22 anos, o principal foco das doações para os animais são medicamentos e rações. “A atlética de medicina veterinária está garantindo as doações através de um membro que está na linha de frente do projeto GRAD (grupo de respeito a animais em desastres). Todas as doações estão sendo entregues a ele, e logo, ele estará levando por conta própria em seu carro”, diz Kamilly Klen. 

Com todos esses desastres ocorrendo e com as doações sendo feitas, Rodrigo Novakowsky, um estudante de Educação Física, 25, reside próximo às principais áreas afetadas, compartilha sua perspectiva sobre a tragédia ambiental. “A coisa está bem feia, mesmo com tantas doações realizadas, são muitas pessoas sem casas e dois bairros da cidade de Canoas estão debaixo d’água, e um desses bairros é o maior da América Latina. Além disso, tem cidades no interior que não existem mais, parece uma cena de guerra igual ao que aconteceu na Faixa de Gaza. É um comparativo muito forte, mas tem cidadãos que literalmente perderam o terreno da casa, pois não tem mais ponto de referência para encontrar. É surreal, não tem como explicar em palavras” , descreve Rodrigo. 

Rodrigo ainda comenta: ‘Desde semana passada foi muita chuva, cerca de 800 milímetros de água de chuva. Isso é muita coisa, foi uma enchente sem precedentes’

Por meio de doações de alimentos, roupas, água e recursos financeiros, às comunidades ribeirinhas e outras, as pessoas estão unindo forças para ajudar os afetados por essa tragédia. Os Correios estão aceitando doações em todas as  agências para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. São mais de 10 mil unidades disponíveis em todos os estados e no Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, há uma lista específica de agências em operação. Além disso, a Universidade Veiga de Almeida está recolhendo as doações nos campus: Barra, Botafogo, Cabo Frio e Tijuca, e as agências como pontos de coleta dos Correios também se responsabilizarão pelo transporte gratuito dos donativos para as áreas afetadas. Quem fizer doações, não precisa pagar pelo envio.  

Júlia Gabriela – 6º Período

Deixe um comentário

Tendência