Pela segunda vez na Cidade Maravilhosa, a maior feira de tecnologia do mundo comemora crescimento de participantes mulheres
Entre os 34.397 participantes do Rio WebSummit, 47,5% eram mulheres. Esse número também acompanhou o número de palestrantes, que nesta edição foram responsáveis por 39% do total. O evento também ficou marcado com o recorde de startups presentes que foram fundadas por mulheres, com 45% de 1,066; esse é o maior crescimento entre todas as edições do WebSummit – que leva a convenção para países como Canadá, Qatar, Portugal e China.
Uma das startups presentes no evento foi a EcoCiclo, que trabalha com a noção de sustentabilidade e emancipação feminina por meio do uso de absorventes naturais. Daise Rosas, uma das representantes da EcoCiclo, explica que a empresa desenvolve produtos que causam impacto socioambiental. “O ser humano não vive sem a natureza. Ela vive sem o ser humano, mas nós não vivemos sem a natureza. Então, o que nós estamos fazendo é resgatar esse nosso conhecimento ancestral, enquanto mulheres negras, fazendo parte dessa rede do EcoCiclo”, explica.
De acordo com o Instituto Akatu, voltado para o consumo consciente, uma mulher, do período da puberdade até a menopausa, gera cerca de 200 kg de lixo devido ao uso de absorventes descartáveis. O plástico, que representa 90% da matéria prima do produto menstrual, demora 400 anos para se decompor.
A EcoCiclo, que foi representada no evento por três mulheres negras, é baseada em Salvador, na Bahia, mas vende os produtos para todos os estados do Brasil e alguns países no exterior, como os Estados Unidos, Colômbia e Peru. Para Daise, a expectativa que a startup tinha com o evento é de captar novos clientes. “ E clientes que tenham essa compreensão da importância de manutenção da nossa natureza, manutenção de um clima em condições favoráveis para nossas vivências enquanto seres humanos”, completa.
Rosana Fernandes, que também esteve no WebSummit como representante da empresa, entende que a importância da EcoCiclo é fundamental para a sociedade pensar no impacto que as pessoas têm no meio ambiente. “Ela (a empresa) começou produzindo os seus próprios absorventes, mas ampliou o seu olhar para poder abraçar outras empreendedoras que também têm essa visão da sustentabilidade. Conectar mulheres ao ecossistema, conectando seus produtos e serviços a esse ecossistema para fazer as sociedades, as empresas, o meio público, o meio privado, repensar a sua lógica de consumo de produção e a própria economia circular”, comenta.
A empresária é dona da URITHI Yeye, um hub de conexões que liga mulheres negras com fornecedores negros na área da saúde, beleza, estética, lazer e entretenimento. “A gente faz essa ponte para facilitar essa descoberta, esse encontro e esse consumo que ajude a empoderar a própria comunidade negra. A gente fornece ajuda para girar a economia, fazendo com que esse dinheiro também se transfira ali entre pessoas próximas da própria comunidade, fornecedoras, que muitas vezes as pessoas não consomem simplesmente porque não conhecem”, explica Rosana.
Em coletiva para a imprensa presente no primeiro dia do evento, Craig Becker, chefe do evento, também relatou que 22% dos fundadores de startups presentes no evento eram pessoas negras e que estava feliz e orgulhoso com todas as iniciativas tomadas para as comunidades não representadas, especialmente as mulheres.
Um dos principais pontos do evento foi o lounge Women in Tech, que nesta edição estava em parceria com o Banco do Brasil. No stand, era possível acompanhar palestras, que aconteceram duas vezes por dias, e também obter mentoria sobre um projeto com outras mulheres. O projeto Women in Tech foi criado em 2015 pela WebSummit para obter paridade de gênero nos eventos espalhados pelo planeta e os ingressos com essa nomeação recebem desconto no valor, dando acesso a experiências de networking e aprendizado.
Sanmya Noronha é gerente de T.I no Banco do Brasil e acredita que o lounge do Women in Tech pode mostrar o que a área tem a oferecer para o público feminino. Ela também fala sobre como eventos como o WebSummit são importantes para mostrar que existe espaço para a mulher no ramo de tecnologia. “É mostrar para as mulheres que é possível, sim, trabalhar com tecnologia, que existem muitas mulheres que trabalham, que são muito boas no que fazem. Nós temos diversas mulheres, nós trazemos muitas referências femininas aqui para esse espaço, nós temos um público de várias cidades, nós temos meninas de escola, faculdade, e nós temos grandes executivas de grandes empresas”, finaliza.
Bianca Fróes participou pela primeira vez da feira com a empresa que é do ramo tecnológico. Ela cresceu com o paradigma de que mulheres não são boas em matemática ou em exatas, mesmo sem entender o motivo. Para ela, o espaço criado pelo Banco do Brasil ajuda a dar espaço para mulheres. “Para incentivar, possivelmente, jovens que estão ali no início de carreira, olhando para essas outras empresas como oportunidades e enxergar que sim, há uma possibilidade. O mercado de tech ainda não é tão inclusivo, mas são iniciativas assim que tornam ele cada vez mais próximo desse ideal”, completa.
A edição de 2024 do WebSummit contou com a presença de influenciadoras como Bianca Andrade, Mari Maria, Malu Borges e CEOs como Adriana Barbosa, fundadora da PretaHub. Os ingressos para 2025 já estão disponíveis no site do evento.
Mayara Rocha – 5º Período









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