“Softie” tem a direção assinada por Samuel Theis (“Party Girl”) e roteiro em parceria com Gaëlle Macé. O longa foi nomeado ao Prêmio Queer Palm em Cannes e recebeu uma indicação ao César de melhor ator promissor para Aliocha Reinert, que interpreta o protagonista Johnny Jung.
Baseado nas experiências da infância do diretor (como uma autobiografia, mas com mais liberdade ficcional), a história gira em torno de Johnny, um menino de 10 anos inteligente e com grande sensibilidade. Ele se muda com a família para uma habitação social e observa a vida amorosa conturbada da mãe, no mesmo momento em que um novo professor passa a dar aulas na turma dele e vê um grande potencial no garoto.

Foto: Divulgação
O enredo começa com uma cena um pouco confusa, que só é explicada momentos após o ocorrido. Apesar de inicialmente parecer estranho, essa escolha de início ajuda a passar a confusão que o protagonista sente naquela situação. Entretanto, esse sentimento seguirá Johnny pelo resto do filme junto com o medo e a raiva enquanto o mesmo tenta lidar com o despertar da sexualidade dele e com as dificuldades do cotidiano.
A estrutura da família Jung é desnorteante e pode deixar alguns espectadores irritados. A mãe de Johnny exige que o menino aprenda a revidar sozinho de valentões enquanto o deixa encarregado do cuidado da irmã mais nova, pois o irmão mais velho não é confiável para receber essa responsabilidade. Além disso, o longa envolve temáticas pesadas como o consumo exagerado de álcool, drogas e os efeitos que o vício pode causar nas famílias; um dos exemplos é a matriarca dos Jung, que prefere gastar seu salário com bebidas ao invés de investir em uma melhor alimentação para os filhos. Ademais, o filme também leva a reflexão de como a filha caçula deve se sentir com a situação e no impacto que pode gerar para o futuro da criança.
Em relação ao enquadramento, foram usados vários posicionamentos de câmera e ângulos diferentes, o que deu dinamismo ao filme. Além disso, o longa investiu em planos mais perto da pessoa em tela (do americano para mais próximo), o que permite ver melhor as expressões faciais/corporais e dá a sensação de proximidade ao personagem (normalmente, o Johnny). Por outro lado, há uma óbvia ausência de cores chamativas, comumente ligadas às crianças, o que pode ser interpretado como a perda da inocência do protagonista.
A iluminação é baixa em algumas cenas, mas não atrapalha a compreensão. Já a sonorização foi bem produzida, com sons e músicas colocadas nos momentos e volumes certos. A atuação do elenco é excelente e os atores conseguem transpassar os sentimentos dos personagens para além da tela.
“Softie” é um filme reflexivo sobre o despertar da sexualidade e o impacto da estrutura familiar no crescimento de uma criança. O longa não é indicado para espectadores sensíveis, pois há uma cena que pode ser interpretada como tentativa de suicídio. Com distribuição da Pandora Filmes, o drama chega aos cinemas brasileiros no dia 7 de dezembro. Assista ao trailer:
Juliana Vilete — 5° período






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