Mesmo com diversas leis voltadas para inclusão, pessoas com deficiência (PcD) ainda lutam para conquistar espaço e respeito. Projetos inclusivos buscam explorar as capacidades dessas pessoas, desenvolver novas habilidades e afetam diretamente na autoconfiança e bem estar delas.
A diversidade faz parte da história da humanidade, todos são únicos mesmo que compartilhem coisas em comum. Mesmo com todo esse conhecimento o ser humano ainda rejeita as diferenças, o que prejudica milhares de pessoas. Esse preconceito é muito claro com pessoas com deficiência, que são tratadas como inválidas ou coitadas, e são limitadas pela própria sociedade.
O professor e sociólogo Eduardo Bianchi contou não saber se houve exatamente um estopim para esse preconceito e analisa que é uma questão histórica. “Durante todo o processo humano a gente teve uma série de momentos, e ainda temos em determinados países, em determinadas culturas, onde a pessoa com deficiência foi morta, assassinada, por práticas do próprio estado. Então não sei de um momento histórico pontual”, disse Bianchi.
O capacitismo é extremamente prejudicial para essas pessoas e às vezes pode estar mascarado como algo cultural. “A gente tem vários contextos culturais de diferentes povos e culturas que nunca trataram com acolhimento, com inclusão. Pelo contrário: eram excludentes, marginalizados e isso acontece até hoje. O preconceito é bastante grande, mesmo que no nosso caso, aqui no Brasil, qualquer tipo de preconceito seja crime”, complementou o professor.
As deficiências não definem as pessoas. Rosimeri de Melo Sousa, que tem deficiência auditiva, é a prova disso. Ela vive normalmente e disse que sua deficiência nunca foi um empecilho, pois sempre realizou suas tarefas, inclusive no trabalho. Rosimeri trabalha como inspetora no colégio pH e contou que sua rotina é normal e que a leitura labial facilita a comunicação com os colegas. Contou também que nunca sofreu capacitismo por parte de seus colegas de trabalho.
Para que haja oportunidades mais igualitárias, não só no mercado de trabalho, para pessoas com deficiência é preciso ouvi-las. Por isso Bianchi acredita que a forma mais eficaz de trabalhar a inclusão é com mais políticas voltadas para elas. “A gente tem que reivindicar política pública para pessoas com as suas diversas possibilidades e potências principalmente quando se trata de pessoas com deficiência […] a gente tem que pensar em projetos de inclusão, a gente tem que pensar em como essas pessoas podem e devem ocupar espaços que são de alguma forma negados a elas”, disse o professor.
Saiba mais sobre a legislação voltada para pessoas com deficiência, com a seguinte matéria, de Déborah Gama:
Segundo dados divulgados pela OMS em 2019, há 10,7 milhões de brasileiros com deficiência auditiva. E mesmo assim a acessibilidade e inclusão dessas pessoas não foi aprimorada. A acessibilidade ainda é bastante precária e precisa ser vista como prioridade para que haja aumento na qualidade de vida da população PcD, não apenas no acesso a serviços básicos como educação e saúde, mas também à cultura. Com ações afirmativas é possível introduzir esses indivíduos à sociedade.
Projetos sociais e culturais que reafirmam a capacidade de pessoas com deficiência são consequências de ações afirmativas e também são bastante relevantes. “Qualquer outro projeto que trate de inclusão é importante, não por uma questão de colocar essas pessoas somente num lugar de ‘Elas conseguiram!’, ‘Ah que bom!’ não é isso. Essas pessoas são capazes, cada qual da sua forma, de exercerem as atividades sociais, culturais, o que quer que seja”, esclareceu Bianchi. Rosimeri acredita que é preciso conscientizar as pessoas e educá-las de modo que compreendam o impacto de políticas e projetos afirmativos.
Todos têm suas necessidades e com pessoas com deficiência não seria diferente. Então projetos que atendam às diferentes demandas são cruciais para o conforto delas. “Cada deficiência tem um tipo de demanda específica, uma especificidade que vai demandar preparos específicos ou lugares de acolhimento mais específicos para cada uma dessas demandas. Então isso é fundamental, conscientização, educação e transformação fundamental da cultura do preconceito”, falou Bianchi. O trabalho contínuo em busca de equidade e conforto para PcD é essencial para que mudanças sejam feitas.
Luiza Moura — 4° Período
*Produto produzido para a disciplina de Jornalismo online, sob a supervisão da professora Michele Vieira.







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