Dirigido por Lillah Halla (Menarca) e roteirizado em parceria com Maria Elena Morán (Volver a cuándo), Levante compõe a safra de novos filmes brasileiros que promovem enredos com temáticas sociais inclusivas. Estrelado por Ayomi Domenica Dias (Sofia), filha do Rapper Mano Brown, o filme traz o debate sobre o fundamentalismo religioso através da temática do aborto.

O roteiro de Halla e Morán nos apresenta um time de vôlei feminino composto por personagens variados, plurais e não padronizados; um time de brancos, pretos, asiáticos, lésbicas, trans, cis gêneros, bissexuais, entre outros, onde a personagem de Sofia exerce seu protagonismo. Proeminente atleta, Sofia está na iminência de uma bolsa para jogar no Chile. Concomitantemente, a mesma descobre uma gravidez indesejada, o que muda seus planos e a faz buscar clínicas de aborto clandestinas.

Foto: Reprodução

Posteriormente, amparada pelo pai João (Rômulo Braga), um apicultor viúvo, ambos se tornam alvos da intolerância e junto com Sol (Grace Passô), a treinadora do time, buscam amparar Sofia nessa situação.

O elenco plural e inclusivo é um dos pontos onde o longa brilha, trazendo personagens dos mais variados gêneros e etnias; cada qual com sua personalidade. Todavia, é justamente nesse quesito onde podemos perceber uma certa fragilidade: o grande número de personagens impede que conheçamos todos com o mínimo de profundidade. Desse modo, há no time de vôlei personagens que vemos uma ou duas vezes no máximo, com pouca ou nenhuma participação direta na trama, o que dificulta uma maior identificação com o grupo, exceto pelo sentimento coletivo em si que, ao redor da protagonista, nos contamina com seus laços.

Já a trilha sonora é atual e cativante reunindo sucessos do funk, hip hop e R&B, emoldurando a estética adolescente em seus desafios, inconsequências e aspirações.

A direção livre e fluída torna a interação entre os personagens crível e concreta, como se todo o time de vôlei reproduzisse uma amizade real. Contudo, os demais personagens, mesmo factíveis, são igualmente rasos e unilaterais, principalmente no que tange aos antagonistas.

Levante é um longa provocativo que suscita um debate pertinente em se tratando do direito ao próprio corpo. Uma reflexão desinibida sobre a liberdade de escolher, e a segurança necessária às condições fundamentais e legais da decisão de continuar ou não uma gravidez.

Igualmente, o filme denuncia a hipocrisia reinante em meio ao fundamentalismo religioso que se outorga direitos que não lhes pertencem, reforçando a necessidade de conscientização, educação e circulação da informação sobre o tema. Assista ao trailer:


Vitor Luiz Leite – 1° período

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