O foco da campanha este ano está na prevenção e redução de riscos da doença

Além da campanha de prevenção ao suicídio, setembro também ganha mais uma causa graças à corrida para conscientização da doença de Alzheimer e outros tipos de demência. O Setembro Lilás esse ano tem como tema “Nunca é muito cedo, nunca é muito tarde!” e trata por discutir a prevenção como melhor alternativa contra a doença. 

A pesquisa a respeito do Alzheimer — que é o tipo mais comum entre as demências neurodegenerativas — nunca esteve tão avançada. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) são mais de 55 milhões de casos espalhados pelo globo, que estimam ultrapassar o número de 150 milhões de casos até 2050.

Esse cenário mostra que a doença qualifica uma crise global de saúde que precisa ser enfrentada. O Alzheimer é caracterizado pela perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, que dificulta algumas das funções cognitivas do sistema nervoso como a memória, o raciocínio e a linguagem. 

De acordo com o Alzheimer Disease Internacional, a ADI,  75% das pessoas com demência não são diagnosticadas. Por esse motivo, os especialistas no Brasil suspeitam que os dados divulgados sobre o Alzheimer no país não condizem com a realidade.  Atualmente, são dois milhões de casos da doença diagnosticados. Esse número deve ultrapassar os 5,6 milhões até 2050.

No dia 21 de setembro, data em que é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Doença de Alzheimer, a cúpula da Câmara dos Deputados foi iluminada com a cor lilás em homenagem ao pico da campanha. 

A causa do Alzheimer é multifatorial e,  por esta razão, ainda se mantém sem uma cura efetiva. Por ser uma doença neuro degenerativa e inflamatória, a redução de riscos para atrasar e prevenir o surgimento da demência é a melhor opção contra o diagnóstico. 

“Tabagismo, obesidade, alto teor de açúcar no sangue, sedentarismo, estresse, má qualidade de sono, estão entre os principais fatores de risco que podem ser alterados para evitar o Alzheimer”, diz Márcia Umbelino, geriatra e médica ortomolecular.

A prevenção para o Alzheimer acontece por entre muitas atividades cotidianas dos pacientes, como por exemplo: uma alimentação saudável, a prática de atividades físicas, melhor qualidade de sono e o controle sobre o colesterol e a glicemia. 

A especialista reconhece que é natural o receio da população em buscar o diagnóstico da doença, visto o quanto a mesma é incapacitante e, ainda, incurável: “A doença começa a dar sinais até 20 anos antes do diagnóstico e é justamente nesta fase inicial em que o tratamento para retardar os efeitos do Alzheimer são mais eficazes”.

Em relação ao tratamento, além das terapias farmacológicas — que utilizam medicamentos para a melhoria da cognição, junto dos suplementos alimentares — o exercício físico se mostra como uma das alternativas mais efetivas para a melhoria cognitiva, funcional e física dos pacientes com Alzheimer.  

Márcia acredita que o mundo ainda não esteja preparado para a quantidade de pacientes demenciados e reforça a necessidade do apoio multidisciplinar para o tratamento. “Eles demandam fisioterapia, terapia ocupacional, muitas vezes um nutricionista, fonoaudiólogo, cuidador… Não sabemos a perspectiva para os próximos 10 anos, imagino que com a inteligência artificial, a gente consiga mais coisas”, declara a geriatra. 

É necessário se manter informado quanto à identificação dos sintomas, visto que muitas vezes, eles podem ser confundidos com outras enfermidades. O quanto antes for percebido, melhor será a qualidade de vida e bem-estar do paciente durante o tratamento 

A geriatra Márcia Umbelino comenta sobre o diagnóstico da demência de Alzheimer. 


O apoio não se restringe somente ao paciente, ele cresce para toda a família que também participa dessa nova rotina delicada. O cuidado de uma pessoa com Alzheimer precisa vir acompanhado de muita atenção, paciência, carinho e, sem dúvidas, respeito. 

Aos 76 anos, Cleonice Conceição começou a apresentar alguns dos sintomas mais comuns da doença, o que chamou a atenção de toda a família. Rosane, uma entre as oito filhas de Cleonice, comenta sobre como soube identificar os sinais de alerta no convívio com a mãe: “Ela começou a ficar muito repetitiva, mas todos falavam que era por conta da idade. Com o tempo ela começou a esquecer o gás ligado, esquentar a comida várias vezes, não querer tomar banho e a ter alta irritabilidade”

Hoje em dia, próxima do aniversário de 90 anos, Cleonice é uma das pacientes mais estáveis da Dra Márcia Umbelino. Com o tratamento recorrente, a paciente trabalha o estímulo, a cognição e também faz uso de medicação adequada para a estabilidade do caso. 

Para Rosane, a construção de uma rede de apoio ao idoso neste momento se mostra como algo indispensável. “Não é  nada fácil cuidar de um paciente nesta condição,  acredito fielmente que  conhecimento e amor são fundamentais, fazem toda diferença  para que pacientes e familiares possam viver com qualidade de vida.”, afirma. 

É importante seguir levando a discussão sobre o Alzheimer para além do mês de setembro. Difundir informações e relatar as experiências são maneiras de contribuir para a conscientização sobre essa doença tão presente e difícil. 

Mesmo sendo um momento desgastante em diversos sentidos, tanto para o paciente quanto para todo o núcleo familiar envolvido, o afeto somado à informação formam o melhor remédio para todos os desafios que acompanham o diagnóstico.

Bruno Barros – 4° período

*Produto produzido para a disciplina de Jornalismo online, sob a supervisão da professora Michele Vieira.

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