Saiba o que significa o termo viral nas redes sociais e como ele pode prejudicar a saúde
Há quem diga que estamos vivendo na era do “Terrorismo Nutricional”, porém a maioria das pessoas ainda desconhece o verdadeiro significado do termo. O fenômeno se dissemina pela desinformação e sensacionalismo mentiroso a respeito de uma necessidade básica para a sobrevivência do ser humano: a alimentação. Intensificador do medo, da insegurança e da ansiedade em relação aos alimentos, ele vem se tornando pauta principal de inúmeras discussões nas redes sociais e se reafirmando como um grande inimigo da boa saúde.
A coach e empresária, Maíra Cardi, se envolveu em um dos assuntos mais comentados das últimas semanas nas redes sociais. A influenciadora digital — que reúne mais de 8 milhões de seguidores no Instagram — foi acusada por nutricionistas e outros profissionais de diferentes áreas da saúde de reproduzir o ‘terrorismo nutricional’ após publicar um vídeo em que associa o bolo de chocolate ao desenvolvimento de doenças graves como alzheimer e câncer.
A acusação repercutiu rapidamente na internet e gerou incômodo em especialistas, que se prontificaram a desmentir e produzir respostas frente à afirmação de Maíra Cardi. O nutricionista Daniel Cady, marido da cantora Ivete Sangalo, se posicionou nas próprias redes sociais e produziu um vídeo-resposta ao conteúdo, em que reprova as associações feitas pela influenciadora e alerta sobre o fenômeno. “Muito cuidado com esse tipo de conteúdo que vocês encontram aqui na internet. O nome disso é ‘Terrorismo Nutricional’ e só faz piorar a sua relação com o seu corpo e com a comida. Vamos combater esses radicalismos… saúde mental em primeiro lugar”, rebateu o nutricionista.
Mas o que é ser um “Terrorista Nutricional”?
Compartilhar informações alarmistas nas redes sociais sobre o que se deve ou não consumir, classificar os alimentos em “bons” e “ruins” — tanto como “permitidos” e “proibidos” — são atitudes que exemplificam o terrorismo nutricional. Nesta era de comunicação digital instantânea, comentários como esses têm se normalizado progressivamente, o que representa um grande perigo à saúde.
“Quando consideramos que para se ter uma alimentação saudável, ela precisa ser restritiva, estamos distorcendo o modo como enxergamos a nossa comida e tratando-a como vilã. E isso é perigoso”, explica Larissa Lima, nutricionista que coleciona experiência em saúde coletiva e nutrição clínica.
De acordo com um estudo realizado em 2023 pela YouGov, empresa líder internacional em pesquisa de mercado na internet, quase metade da população brasileira está tentando perder peso. A pesquisa foi feita com os adultos do país e mostrou que 48% dos brasileiros buscam as mudanças para a saúde e o corpo.
Logo, a produção e até mesmo o consumo de conteúdo alarmista sobre alimentação, se torna um combustível para um bombardeio de desinformação sobre a temática na internet. O perigo surge quando o costume acaba por se converter nos chamados transtornos alimentares, uma condição de saúde grave que implica diretamente na maneira como nos relacionamos com a comida.
“Esse ‘boom’ de informações pode gerar muito medo e ansiedade na hora de realizar a escolha dos alimentos”, ressalta Larissa Lima.
Gatilho para os transtornos alimentares
As pessoas que desenvolvem transtorno alimentar têm a comida como um eixo de vida e consequentemente têm medo do ganho de peso. Toda inquietação e ansiedade acaba na normalização de comportamentos alimentares perigosos que afetam negativamente diversas áreas importantes da vida de qualquer pessoa, como no controle das emoções e também na saúde física do corpo humano.
Geralmente, as primeiras manifestações dos transtornos alimentares acontecem ainda na infância e adolescência. Conseguir identificar que a condição oferece tantos riscos não é tão fácil nesta fase da vida, por isso, muitos dos que sofrem podem acabar ocultando a situação por bastante tempo.
O psiquiatra Ervin Cotrik, pesquisador e autor de artigos científicos com foco na temática, aponta que a preocupação com o ideal de corpo saudável e as tentativas de seguir padrões de beleza impostos pela sociedade contribuem para o início e as manutenções a respeito dos distúrbios alimentares.
“A autopercepção corporal é um elemento importante desses pacientes, e o uso crescente das redes sociais pode aumentar a exposição e comparação corporal, contribuindo para a piora dos dados em relação aos distúrbios alimentares, principalmente nos jovens”, explica Ervin.
O profissional lista alguns dos que devem ser considerados “sinais de alerta” para os amigos e familiares:
- Isolamento social
- Baixa autoestima
- Uso de roupas muito largas para esconder aparência física
- Presença de comida escondida ou sumiço de alimentos das dispensas
- Restos de migalhas espalhados por locais inusitados de casa
O terrorismo nutricional promove os hábitos alimentares irregulares e é combustível para o sofrimento quanto ao peso e forma do corpo. Entre os transtornos mais comuns estão a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar, sendo o último o mais prevalente entre os três.
Então como emagrecer de forma saudável e leve?
Nada de dieta da lua ou da sopa. Longe das restrições perigosas, o segredo para a perda de peso livre de riscos à saúde está nas escolhas inteligentes e no desenvolvimento de hábitos saudáveis para a rotina. Aliado à prática de exercícios físicos regulares, a reeducação alimentar é fundamental para um emagrecimento vigoroso.
A nutricionista Larissa Lima reúne algumas dicas valiosas para quem quer emagrecer com saúde.
- Atenção para a mastigação
Mastigue bem os alimentos e coma devagar, isso facilita a digestão e ainda ajuda a saborear melhor o alimento. Ao mastigar, o cérebro automaticamente envia impulsos para o centro de saciedade do organismo. Portanto, quando mastigamos mais devagar, oferecemos mais tempo ao cérebro para realizar esse processo, fazendo com que façamos refeições menores e ainda se manter saciados.
- Diga SIM ao ‘Natura’!
Parece clichê, mas vale a pena reforçar essa dica. Prefira os alimentos in natura — ou seja, alimentos de origem vegetal ou animal que são consumidos no estado natural. Faça das frutas, verduras e legumes os seus melhores amigos.
Evite o consumo excessivo de alimentos industrializados, visto que, muitos são carregados em grandes quantidades de aditivos, gordura, açúcar e sal.
- Não se cobre tanto!
Esqueça a pressão das limitações desprazerosas e dos resultados instantâneos. Não se culpe em comer algo que goste, mas lembre-se de manter as porções equilibradas e acompanhadas por um especialista. Respeite o seu corpo e mantenha os hábitos saudáveis!
Fazer as pazes com a comida é se permitir viver com saúde. Para um plano alimentar individualizado, procure a ajuda de um especialista.
Bruno Barros – 4° período
*Produto produzido para a disciplina de Jornalismo online, sob a supervisão da professora Michele Vieira.







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