Questões cardíacas e de estresse são principais consequências da prática

O consumo de bebidas energéticas aumentou no Brasil. Segundo levantamentos da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas não alcoólicas (ABIR), ao longo da última década o consumo de energéticos por habitante quase triplicou — passando de 300ml anuais, em 2010, para 870ml anuais, em 2021.

Esses dados indicam o aumento da necessidade de disposição no dia-a-dia dos brasileiros. É o caso do universitário Thiago Chagas, de 21 anos, que começou a tomar as bebidas energéticas ainda na época de pré-vestibular — e mantém o hábito agora que está na faculdade. “Eu estudo à noite, e para manter a rotina, ficar acordado, eu uso o energético”, acrescenta o jovem.

Thiago afirma que hoje consome os enlatados praticamente todo dia. Excesso que já revelou efeitos colaterais. “Eu percebo que consigo realmente me concentrar melhor, mas em compensação acabo deixando de prestar atenção às coisas ao meu redor”, explica o universitário.

As consequências da ingestão exagerada desse tipo de bebida podem incluir problemas como arritmia, dificuldade para dormir, irritabilidade e nervosismo. E são resultado da concentração de cafeína presente nos líquidos.

A cafeína é uma substância que age no sistema nervoso central, como explica a coordenadora do curso de Nutrição da UVA Barra e doutora em Saúde Coletiva, Glaucia Justo. “Ela é um estimulante, capaz de se ligar a neurotransmissores e excitar as células, daí vem a sensação de mais atenção, mais disposição”, complementa a especialista.

Apesar desse benefício, é preciso cuidado ao dosar a substância. Segundo Glaucia, a sensibilidade à cafeína varia de pessoa para pessoa — mas a recomendação padrão para adultos é de no máximo 400mg por dia. O equivalente a três ou quatro latinhas de energético diárias.

Além disso, as precauções devem ser redobradas ao usar esta bebida em drinks, principalmente os que levam álcool. Glaucia alerta sobre os riscos da mistura — ouça a explicação na íntegra no áudio abaixo:

A cardiologista Claudia Matos alerta que os sintomas instigados pelos energéticos não são necessariamente graves, mas também não podem ser ignorados completamente. “Quando se tem a percepção de batidas diferentes do coração, o ideal é que se faça uma avaliação cardiológica; para definir se é uma batida decorrente de estresse ou algo que pode gerar maior desconforto para o paciente”, completa a especialista

Claudia reforça também que se as batidas diferentes forem acompanhadas de outros sintomas, como vista escurecendo e sensação de desmaio, a busca por um médico deve ser feita com mais urgência. 

Pedro Lima — 4º Período

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